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domingo, 29 de abril de 2007

Orquestra Gulbenkian no século XX

3 e 4 de Maio de 2007

ORQUESTRA GULBENKIAN

Jean-Claude Casadesus (maestro)


Anne Gastinel (violoncelo)

No centenário do nascimento de Dmitri Chostakovitch

Olivier Messiaen
Les offrandes oubliées
Très lent – Vif – Extrêmement lent
[Très lent, douloureux, profondément triste
Vif, féroce, désespéré, haletant
Extrêmement lent, avec une grand pitié et un grand amour]

Dmitri Chostakovitch
Concerto para Violoncelo e Orquestra N.º 1,
em Mi bemol maior, op. 107
1. Allegretto
2. Moderato
3. Cadenza
4. Allegro con moto

Sergei Prokofiev
Romeu e Julieta (excertos das Suites I e II)
Montéquios e Capuletos (Suite II, n.º 1)
A jovem Julieta (Suite II, n.º 2)
Frei Lorenzo (Suite II, n.º 3)
Dança (Suite II n.º 4)
Máscaras (Suite I n.º 5)
Morte de Tybalt (Suite I, n.º 7)
Romeu no túmulo de Julieta (Suite II, N.º 7)

Maurice Ravel
La valse

Actualização:
Magníficos intérpretes e peças. Um dos (meus) concertos do ano.
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La Valse
Os temas, sete no total, encadeiam-se sem ruptura, animados pelo ritmo ternário que, entendido como um verdadeiro motor (o mecanismo de precisão que tanto seduzia o compositor) confere à obra toda a sua dinâmica. A introdução é feita pianissimo, iniciando-se com os contrabaixos em divisi munidos de surdinas. A opacidade da atmosfera vai-se dissipando pouco a pouco, enquanto o ritmo obcecante se instala e os embriões dos temas vão tomando forma. Introduzidos pelos glissandos das harpas, raramente dotados de uma escrita tão percutida, os diferentes motivos sucedem-se e perseguem-se numa verdadeira torrente musical de várias modulações: emerge o canto penetrante dos oboés, os efeitos da percussão, o brilho dos metais e as sonoridades cheias dos clarinetes, alternando com tutti de textura delicada nas cordas e, portanto, aliando o espírito da música de câmara à amplitude da vertente sinfónica que ostenta um colorido orquestral subtilmente variado.

Este caleidoscópio fascinante encontra-se articulado em duas grandes secções, cada uma delas alcançando em crescendo o seu paroxismo (a segunda não apresenta material temático novo), até ao rodopiante delírio final que termina de forma quase atordoante, com a sua resolução sobre a tónica na última nota. Com uma suprema habilidade, Ravel usa todos os recursos de que dispõe para que os ouvintes sejam contaminados por esse turbilhão inquietante, no qual a violência se esconde sob uma desenvoltura demoníaca.

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