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terça-feira, 11 de outubro de 2005

Shantala Shivalingappa

Kuchipudi (Shantala website)

Kuchipudi is a classical dance form of South India. It takes its name from a small village called Kuchipudi, in the state of Andhra Pradesh, where it was born.

Like all Indian classical dance forms, it is based on the Natya Shastra, a 2000 year-old treaty on dramatics, which gives a very precise and highly developed codification of dance, music and theater.
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Gulbenkian, 25 de Outubro de 2005

Shantala Shivalingappa, dança e direcção artística
J. Ramesh, voz
N. Ramakrishnan, Mridangam (percussão) e
criação rítmica

M. S. Sukhi, Nattuvangam (címbalos) e percussão
K. S. Jayaram, flauta

Savitry Nair, Consultor artístico
Nicolas Boudier, Luzes


Kuchipudi
Dança clássica do Sul da Índia
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1. Oração Cantada a Saraswathi
Deusa das Artes e do Conhecimento

2. “Surya Stuthi”
Raga: Sowrashtram – Talam: Rupaka (6 tempos)

Coreografia, Mestre Vempati Chinna Satyam

Homenagem a Surya, o Sol, divindade venerada na Índia ao nascer e ao pôr-do-sol. A dança começa com uma saudação a Surya e continua com o seguinte poema:

“Louvores a ti, ó Surya,
Tu és a fonte da nossa vida,
abençoas-nos com a tua luz sagrada,
sem nenhuma distinção entre os seres,
Tu és o testemunho supremo desta Terra,
nós recebemos a tua bênção com humidade e gratidão”

3. “Ananda Nartana Ganapati”
Raga: Nattai – Talam: Adi (8 tempos)

Coreografia, Kishore Mosalikanti
Palavras e música, Uttukadu Venkatakavi

Ganapati, ou Ganesha, o Deus com cabeça de elefante, é um dos Deuses mais adulados na Índia. Encantador e sempre benevolente, é venerado como aquele que destrói todos os obstáculos no nosso caminho. O compositor Uttukadu, conhecido pela sua utilização rítmica das palavras no canto, escolheu descrever aqui um Ganesha dançante. Assim, a coreografia adopta a forma dos movimentos graciosos e alegres da dança de Ganesha.

4. “Rasalila”
Raga: Madhuvanti – Talam: Tishra (3 tempos), Chaturashra (4 tempos)

Coreografia, Shantala Shivalingappa
Música, Prof. B. Ramamurthy Rao

Dança de Krishna com as jovens camponesas. Ele toca a sua flauta divina; elas acompanham-no tinindo os seus guizos.

“Oh Krishna, toca a tua flauta divina, que cada parcela do nosso corpo esteja em êxtase. A bela Radha, o seu coração cheio de amor, desespera por te ver.

Não escutas os guizos no seu pé a chamar o teu nome?
Ela reuniu as suas companheiras, belamente vestidas, foram esperar-te às margens do rio Yamuna.

Radha espera-te, o seu coração dançante, como a lua entre as estrelas, num céu que se agita com a ideia deste encontro amoroso.

Krishna o bem-amado chegou, para tocar e dançar com as jovens camponesas, e a floresta inteira rejubila com a sua presença.

Que este canto faça esquecer todos os seus males àqueles que o escutam.”

5. “Talamelam”
Ensemble rítmico

Concepção e Direcção, Savitry Nair
Criação rítmica, N. Ramakrishnan
Com todos os membros da orquestra
Coreografia, Shantala Shivalingappa

Se a melodia é o corpo da música indiana, o ritmo é o seu coração. Na Índia, diz-se: “a melodia é a Mãe, e o ritmo é o Pai” da música. O mesmo se diz para a dança.
O sistema rítmico, Tala, é uma disciplina independente, com uma técnica complexa e subtil, delicadamente desenvolvida. De facto, o sentido matemático inato do espírito indiano, forneceu-lhe um grande rigor. Os diferentes estilos de Dança Clássica Indiana tiveram origem nesta riqueza do Tala, cada um desenvolvendo linguagens rítmicas muito particulares.
Que formas adopta esta rítmica no Kuchipudi?
Apercebemo-nos de:
Variações vocais de sílabas rítmicas.
Variações sonoras dos batimentos da percussão.
Um jogo, uma conversação lúdica na linguagem do ritmo.
Conversação que se conclui no diálogo entre a dançarina e o “mridangista” (percussionista): batimentos de pés contra virtuosismo dos dedos. Uma improvisação que valoriza os diferentes batimentos e posições dos pés no âmbito do estilo Kuchipudi.
A mesma rítmica, dançada sobre um palco de cobre, é uma particularidade do Kuchipudi.

6. “Shiva Ganga”

Concepção, Savitry Nair
Coreografia, Mestre Vempati Chinna Satyam e Shantala Shivalingappa

Coreografia que coloca em paralelo dois aspectos fundamentais da dança indiana. Por um lado, Tandava, a energia viril, encarnada por Shiva. Por outro, Lasya, a energia 7 Notas à margem doce e graciosa, encarnada por Ganga. A energia intensa da meditação permite a manifestação destes dois aspectos.

I. Oração de Bhagiratha ao Deus Shiva
Raga: Karnataka Suddha Saveri

O mundo está confrontado com uma terrível seca, apenas podendo ser salvo pelo rio divino Ganga, rio dos céus. Mas a força colossal da sua torrente ameaça despedaçar a terra. Só Shiva, o Todo-poderoso, pode suportar a queda das águas. Bhagiratha é escolhido para implorar ao Deus Shiva que aceite receber Ganga na sua cabeleira, e assim amortecer a torrente sobre a terra.

II. “Tandava”, Dança cósmica do Deus Shiva
Raga: Amritavarshini – Talam: Mishra Chaapu (7 tempos)

Shiva fica perturbado, sendo portanto sensibilizado pela intensidade do apelo de Bhagiratha. Responde à oração através da sua dança cósmica, Tandava, acompanhada pelo som primordial do Damaru, o pequeno tambor que segura na mão. Shiva aceita receber Ganga na sua cabeleira, e ela deixa-se aí deslizar diligentemente.

III. “Ganga Pravesham”
Raga: Keeravani – Talam: Khanda Chaaapu (5 tempos)

Na tradição do Kuchipudi, cada personagem principal entra em cena e apresenta-se ao público numa coreografia que destaca os traços principais da sua personalidade. Este tipo de coreografia intitula-se Pravesham. Aqui, Ganga apresenta-se, com graciosidade e vivacidade, animada por um amor puro e intenso por Shiva.

Esta é a história da chegada do rio Ganges à Terra. Na Índia é venerado como uma divindade e a sua água é sagrada. Ao longo de todo o seu curso, santifica a terra e purifica todos os que mergulham nas suas águas. A dança termina sobre a imagem da descida tumultuosa de Ganga sobre a terra.
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Índia Dançada
Shantala Shivalingappa apresenta dança indiana com raízes que remontam há mais de 2000 anos
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O Kuchipudi usa duas importantes técnicas, desenvolvidas de diferentes formas, em cada um dos estilos de dança clássica indiana: Dança Pura e Dança Expressiva.

A Dança Pura, ou nrtta, é rítmica e abstracta. Os pés executam os complexos padrões rítmicos da música acompanhante, sendo seguidos pelo resto do corpo, da cabeça até às pontas dos dedos, por vezes com austera precisão, por vezes com movimentos fluidos e graciosos.

A Dança Expressiva, ou abhinaya, é narrativa. Cada parte do corpo é usada para reviver um texto, poema ou história, recitada pelo canto. Os gestos feitos com as mãos - mudrás - estão codificados numa linguagem muito precisa. As expressões faciais são estilizadas, por forma a responderem a um largo espectro de emoções e sentimentos, complexos e subtis. Todo o corpo se anima para transmitir as emoções que emanam da canção.
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e também ...
Orquestra Gulbenkian, 13 e 14 de Outubro de 2005
Obras coreografadas, com a participação da bailarina indiana

Claude Debussy
Danse Sacrée et Danse Profane, para Harpa e Orquestra de Cordas

Maurice Ravel
Introduction et Allegro
Ma mère L'Oye

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