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sábado, 29 de outubro de 2005

Otello de Verdi (3) - agora em Português

Antecedentes

Pôr em música algumas das tragédias de Shakespeare foi um sonho que perseguiu Verdi desde a juventude, pensando principalmente em "Hamlet", "A Tempestade" e "Rei Lear", cujo libreto Antonio Somma guardava religiosamente à espera duma ocasião propícia. Verdi só iria conseguir tornar esse sonho realidade aos 33 anos com "MacBeth" levada pela primeira vez a cena em Florença em Março de 1847. Iriam no entanto passar-se mais 40 anos antes que o público italiano pudesse voltar a escutar uma ópera de Verdi baseada num texto do grande dramaturgo inglês. Não seria nem "Hamlet", nem "A Tempestade" nem o "Rei Lear", e a responsabilidade do libreto não caberia a Antonio Somma mas a Arrigo Boito que em 1862 tivera uma primeira colaboração com Verdi no famoso "Hino das Nações".

Verdi e Boito tinham-se desavindo, e a reconciliação ficou a dever-se ao editor Giulio Riccordi. Em 1879 durante um jantar com Verdi e o maestro Franco Faccio, Riccordi falou de Shakespeare, de "Otello" e de Boito. Verdi pareceu interessado. No dia seguinte o maestro Faccio visitou o compositor na companhia do libretista. Boito regressou dias mais tarde com um esboço do libreto, e Verdi aconselhou-o a "ir escrevendo o texto que podia ser útil para ele, Verdi, para o próprio Boito... ou para outro qualquer."

A histórica estreia da "Aida" no Cairo datava de havia já 7 anos. Depois disso Verdi não voltara a escrever mais nenhuma ópera. A primeira conversa de Riccordi acerca de "Otello" passou-se em 1879, mas Verdi iniciou o trabalho na ópera apenas 5 anos mais tarde. Houve entretanto alguma troca de correspondência com Riccordi e com Boito; Boito e Verdi fizeram juntos a revisão de "Simão Bocanegra"; e o compositor fez sozinho a revisão de "Dom Carlos". Em meados de Março de 1884 Verdi começou finalmente a escrever a música da sua nova ópera. Entre o início do trabalho e a sua primeira apresentação pública iriam passar-se cerca de 3 anos.

A estreia de "Otello" teve lugar no Scala de Milão no dia 5 de Fevereiro de 1887 com um sucesso extraordinário. Verdi tinha 72 anos.


1.º Acto
O 1º acto passa-se num porto de Chipre onde a população espera a chegada do Governador da Ilha que regressa triunfante duma batalha com o exército turco. A frota consegue ancorar no meio duma tempestade terrível – mas outras tempestades aguardam Otello em terra. O seu Lugar-Tenente Jago, com a ajuda de Rodrigo, um jovem veneziano que ama secretamente Desdémona, mulher de Otello, embriaga Cassio, um oficial que Otello favorece, e leva-o a confrontar-se em duelo com Montano, o antigo Governador. Otello aparece e demite Cassio. A multidão dispersa. Sós, Otello e Desdémona renovam juras de amor eterno.


2.º Acto
O 2º acto passa-se no pavilhão do Castelo do Governador de Chipre onde Jago, disposto a despertar os ciúmes de Otello, convence Cassio, o oficial por ele demitido, a pedir a Desdémona que interceda junto do marido a fim de obter o seu perdão. Jago arranja um encontro entre Cassio e Desdémona, e quando os dois estão a conversar no jardim aponta-os a Otello insinuando suspeitas de traição. Junto de Emília, sua mulher e aia de Desdémona, Jago consegue obter um lenço que a jovem esposa lhe dera para lavar, com ele pretendendo sustentar a intriga.


3.º Acto
O 3º acto passa-se no salão nobre do Castelo do Governador de Chipre onde, sem suspeitar da trama tecida por Jago, Desdémona tenta uma vez mais obter junto de Otello o perdão para Cassio. Para sua surpresa Otello enfurece-se e expulsa-a da sua presença. Entretanto Jago prossegue a intriga levando Otello a testemunhar uma sua conversa com Cassio onde este lhe fala dos seus amores por uma cortesã referindo o lenço que dela recebera.
O nome da cortesã passa despercebido aos ouvidos de Otello que julga ver confirmada a traição de Desdémona. É então que Jago lhe mostra o lenço que havia roubado o que leva ao extremo a fúria de Otello que, durante a recepção ao Embaixador Veneziano, maltrata a mulher publicamente.
Esse Embaixador vinha incumbido duma missão do Senado que reclamava a presença de Otello devendo o governo da ilha ficar entregue a Cassio durante a sua ausência. Louco de ciúme e de raiva, Otello decide matar Desdémona encarregando Jago da morte de Cassio – acção que Cassio passa ao seu aliado Rodrigo.


4.º Acto
O 4º acto passa-se nos aposentos de Desdémona que está presa duma angústia terrível e de terríveis pressentimentos. Reza fervorosamente, despede-se de Emília, e deita-se. Otello entra silenciosamente e acusa-a de o trair com Cassio. Apesar de Desdémona afirmar a sua inocência Otello mata-a. Aparece então Emília com a notícia de que Rodrigo fora morto por Cassio. Ao ver Desdémona assassinada Emília revela a Otello a perfídia de Jago. Otello fica desesperado e põe termo à vida.

(texto RDP, figuras classical.net)
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Otello na Biblioteca Nacional, Lisboa
Otello de Verdi em Portugal (2001, nas comemorações do centenário da morte de Verdi) - PURL.PT

Otello no DN
Conversa com o encenador Nicolas Joel.
Do segredo dos deuses ao aplauso dos homens.

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