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segunda-feira, 31 de outubro de 2005



Poème sur le désastre de Lisbonne


O malheureux mortels ! ô terre déplorable !
O de tous les mortels assemblage effroyable !
D'inutiles douleurs éternel entretien !
Philosophes trompés qui criez : " Tout est bien " ;
Accourez, contemplez ces ruines affreuses,
Ces débris, ces lambeaux, ces cendres malheureuses.
Ces femmes, ces enfants l'un sur l'autre entassés,
Sous ces marbres rompus ces membres dispersés :
Cent mille infortunés que la terre dévore,
Qui, sanglants, déchirés, et palpitants encore,
Enterrés sous leurs toits, terminent sans secours
Dans l'horreur des tourments leurs lamentables jours !
Aux cris demi-formés de leurs voix expirantes,
Au spectacle effrayant de leur
s cendres fumantes,
Direz-vous : " C'est l'effet des éternelles lois
Qui d'un Dieu libre et bon nécessitent le choix " ?
Direz-vous, en voyant cet amas de victimes :
" Dieu s'est vengé, leur mort est le prix de leurs crimes " ?
Quel crime, quelle faute ont commis ces enfants
Sur le sein maternel écrasés et sanglants ?
Lisbonne, qui n'est plus, eut-elle plus de vices
Que Londres, que Paris, plongés dans les délices ?
Lisbonne est abîmée, et l'on danse à Paris.
Tranquilles spectateurs, intrépides esprits,
De vos frères mourants contemplant les naufrages,
Vous recherchez en paix les causes des orages :
Mais du sort ennemi quand vous sentez les coups,
Devenus plus humains, vous pleurez comme nous.
Croyez-moi, quand la terre entr
ouvre ses abîmes,
Ma plainte est innocente et mes cris légitimes. [...]
Un jour tout sera bien, voilà notre espérance ;
Tout est bien aujourd'hui, voilà l'illusion.
Les sages me trompaient, et Dieu seul a raison.
Humble dans mes soupirs, soumis dans ma souffrance,
Je ne m'élève point contre la Providence.
Sur un ton moins lugubre on me vit autrefois
Chanter des doux plaisirs les séduisantes lois :
D'autres temps, d'autres moeurs : instruit par la vieillesse,
Des humains égarés partageant la faiblesse,
Dans une épaisse nuit cherchant à m'éclairer,
Je ne sais que souffrir, et non pas murmurer.
Un calife autrefois, à son heure dernière,
Au Dieu qu'il adorait dit pour t
oute prière :
" Je t'apporte, ô seul roi, seul être illimité,
Tout ce que tu n'as pas dans ton immensité,
Les défauts, les regrets, les maux et l'ignorance. "
Mais il pouvait encore ajouter l'espérance.

Voltaire, 1756

(Completo em voltaire-integral.com.)


J. P. Le Bas, Praça da Patriarcal après le tremblement de terre de 1755
in Recueil des plus belles ruines de Lisbonne, Paris, 1757
Gravure d'après des dessins de Paris et Pedegache


(Univ. Genève, ATHENA)

domingo, 30 de outubro de 2005

Lisboarte

Iniciativa que congrega as galerias de arte da capital num programa de inaugurações simultâneas, reforçando a sua participação na dinâmica cultural da cidade e contribuindo para a criação de novos públicos para a arte. APGA

Inclui dois circuitos de autocarro que darão a volta às várias galerias no dia da inauguração. A partida é feita a partir do Museu da Cidade às 15h de 5 de Novembro.

Destaques:
Galeria Luís Serpa Projectos, "Controlo Remoto - Mutações entre o Homem e a Cidade", em que são apresentados pinturas e desenhos de Carlos Correia, Marta Moura e Romeu Gonçalves.
Galeria Módulo, instalação "Areias Movediças" de Pedro Valdez Cardoso, a primeira individual na galeria lisboeta do artista que recentemente ganhou o V Prémio de Escultura City Desk.

sábado, 29 de outubro de 2005

Otello de Verdi (3) - agora em Português

Antecedentes

Pôr em música algumas das tragédias de Shakespeare foi um sonho que perseguiu Verdi desde a juventude, pensando principalmente em "Hamlet", "A Tempestade" e "Rei Lear", cujo libreto Antonio Somma guardava religiosamente à espera duma ocasião propícia. Verdi só iria conseguir tornar esse sonho realidade aos 33 anos com "MacBeth" levada pela primeira vez a cena em Florença em Março de 1847. Iriam no entanto passar-se mais 40 anos antes que o público italiano pudesse voltar a escutar uma ópera de Verdi baseada num texto do grande dramaturgo inglês. Não seria nem "Hamlet", nem "A Tempestade" nem o "Rei Lear", e a responsabilidade do libreto não caberia a Antonio Somma mas a Arrigo Boito que em 1862 tivera uma primeira colaboração com Verdi no famoso "Hino das Nações".

Verdi e Boito tinham-se desavindo, e a reconciliação ficou a dever-se ao editor Giulio Riccordi. Em 1879 durante um jantar com Verdi e o maestro Franco Faccio, Riccordi falou de Shakespeare, de "Otello" e de Boito. Verdi pareceu interessado. No dia seguinte o maestro Faccio visitou o compositor na companhia do libretista. Boito regressou dias mais tarde com um esboço do libreto, e Verdi aconselhou-o a "ir escrevendo o texto que podia ser útil para ele, Verdi, para o próprio Boito... ou para outro qualquer."

A histórica estreia da "Aida" no Cairo datava de havia já 7 anos. Depois disso Verdi não voltara a escrever mais nenhuma ópera. A primeira conversa de Riccordi acerca de "Otello" passou-se em 1879, mas Verdi iniciou o trabalho na ópera apenas 5 anos mais tarde. Houve entretanto alguma troca de correspondência com Riccordi e com Boito; Boito e Verdi fizeram juntos a revisão de "Simão Bocanegra"; e o compositor fez sozinho a revisão de "Dom Carlos". Em meados de Março de 1884 Verdi começou finalmente a escrever a música da sua nova ópera. Entre o início do trabalho e a sua primeira apresentação pública iriam passar-se cerca de 3 anos.

A estreia de "Otello" teve lugar no Scala de Milão no dia 5 de Fevereiro de 1887 com um sucesso extraordinário. Verdi tinha 72 anos.


1.º Acto
O 1º acto passa-se num porto de Chipre onde a população espera a chegada do Governador da Ilha que regressa triunfante duma batalha com o exército turco. A frota consegue ancorar no meio duma tempestade terrível – mas outras tempestades aguardam Otello em terra. O seu Lugar-Tenente Jago, com a ajuda de Rodrigo, um jovem veneziano que ama secretamente Desdémona, mulher de Otello, embriaga Cassio, um oficial que Otello favorece, e leva-o a confrontar-se em duelo com Montano, o antigo Governador. Otello aparece e demite Cassio. A multidão dispersa. Sós, Otello e Desdémona renovam juras de amor eterno.


2.º Acto
O 2º acto passa-se no pavilhão do Castelo do Governador de Chipre onde Jago, disposto a despertar os ciúmes de Otello, convence Cassio, o oficial por ele demitido, a pedir a Desdémona que interceda junto do marido a fim de obter o seu perdão. Jago arranja um encontro entre Cassio e Desdémona, e quando os dois estão a conversar no jardim aponta-os a Otello insinuando suspeitas de traição. Junto de Emília, sua mulher e aia de Desdémona, Jago consegue obter um lenço que a jovem esposa lhe dera para lavar, com ele pretendendo sustentar a intriga.


3.º Acto
O 3º acto passa-se no salão nobre do Castelo do Governador de Chipre onde, sem suspeitar da trama tecida por Jago, Desdémona tenta uma vez mais obter junto de Otello o perdão para Cassio. Para sua surpresa Otello enfurece-se e expulsa-a da sua presença. Entretanto Jago prossegue a intriga levando Otello a testemunhar uma sua conversa com Cassio onde este lhe fala dos seus amores por uma cortesã referindo o lenço que dela recebera.
O nome da cortesã passa despercebido aos ouvidos de Otello que julga ver confirmada a traição de Desdémona. É então que Jago lhe mostra o lenço que havia roubado o que leva ao extremo a fúria de Otello que, durante a recepção ao Embaixador Veneziano, maltrata a mulher publicamente.
Esse Embaixador vinha incumbido duma missão do Senado que reclamava a presença de Otello devendo o governo da ilha ficar entregue a Cassio durante a sua ausência. Louco de ciúme e de raiva, Otello decide matar Desdémona encarregando Jago da morte de Cassio – acção que Cassio passa ao seu aliado Rodrigo.


4.º Acto
O 4º acto passa-se nos aposentos de Desdémona que está presa duma angústia terrível e de terríveis pressentimentos. Reza fervorosamente, despede-se de Emília, e deita-se. Otello entra silenciosamente e acusa-a de o trair com Cassio. Apesar de Desdémona afirmar a sua inocência Otello mata-a. Aparece então Emília com a notícia de que Rodrigo fora morto por Cassio. Ao ver Desdémona assassinada Emília revela a Otello a perfídia de Jago. Otello fica desesperado e põe termo à vida.

(texto RDP, figuras classical.net)
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Otello na Biblioteca Nacional, Lisboa
Otello de Verdi em Portugal (2001, nas comemorações do centenário da morte de Verdi) - PURL.PT

Otello no DN
Conversa com o encenador Nicolas Joel.
Do segredo dos deuses ao aplauso dos homens.

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Pria d'ucciderti... sposa... ti baciai. Or morendo... nell'ombra... in cui mi giacio... Un bacio... un bacio ancora... ah!... un altro bacio...

I kiss’d thee ere I kill’d thee; no way but this,
Killing myself to die upon a kiss
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Ópera em quatro actos de Giuseppe Verdi
Libreto: Arrigo Boito, segundo Othello, The Moor of Venice de William Shakespeare
Criação: Milão, Teatro alla Scala, 5 Fevereiro 1887

Após a estreia de Aida em Milão, Giuseppe Verdi pronuncia a sua retirada da cena lírica, reduzindo consideravelmente a sua actividade compositorial. Consternado com os avanços do domínio wagneriano na cultura europeia e consequente declínio da supremacia da ópera italiana, sente-se desmotivado, incapaz de prosseguir a sua vocação teatral.

O seu recolhimento será no entanto interrompido, na sequência da reconciliação com Arrigo Boito e de encorajamentos do seu editor - Giulio Ricordi -, para se dedicar à escrita das suas duas últimas óperas: Otello e Falstaff, ambas baseadas em peças de William Shakespeare, autor que sempre o seduzira. As estreias destas obras revelar-se-ão acontecimentos de amplitude internacional, coroando a produção operática Verdiana e conferindo ao compositor, cuja aura se intensificara ao longo dos quinze anos de silêncio, o reconhecimento e êxito generalizados. A partitura de Otello é finalizada em Dezembro de 1886 e a obra será criada a 5 de Fevereiro do ano seguinte, no Teatro alla Scala de Milão, com o célebre tenor Francesco Tamagno no papel do protagonista, desencadeando um triunfo histórico.

O desenvolvimento das potencialidades dramatúrgicas orquestrais e a sua perfeita simbiose com a teatralidade vocal, o afastamento do sistema de formas fechadas, a densidade do desenho das personagens, e uma escrita musical plena de traços de violência impetuosa, audácia, turbulência e luminosidade definem a ópera em quatro actos Otello como um marco da história da dramaturgia de ópera.

Paula Gomes Ribeiro (TNSC)
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Links
Othello, William Shakespeare
Shakespeare tragicomedies: Hamlet, Othello, Macbeth and King Lear. | Shakespeare adaptations from Julius Caesar, Hamlet, Othello, and Macbeth. | Othello, the Moor of Venice.


Excelente
Othello pela companhia Cheek by Jowl no CCB em Junho de 2004.







Otello, Giuseppe Verdi
synopsis | Libretto | Informação extensa (sinopse, caracteres, disposição cénica, interpretações, libretto,...)

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Otello de Verdi

Teatro Nacional de São Carlos, Estreia 31 de Outubro de 2005

OTELLO
Giuseppe Verdi
Ópera em quatro actos, com libreto de Arrigo Boito baseado na tragédia Othello, The Moor of Venice de Shakespeare.

Direcção musical Antonio Pirolli
Encenação Nicolas Joel
Cenografia Ezio Frigerio
Figurinos Franca Squarciapino
Desenho de luzes Vinicio Cheli

Intérpretes
Mario Malagnini Otello
Dimitra Theodossiou Desdemona
Carlo Guelfi Jago
Carlos Guilherme Cassio
Carlo Cigni Ludovico
Paula Morna Dória Emilia
Pedro Chaves Roderigo
Diogo Oliveira Montano
João de Oliveira Um Arauto

Orquestra Sinfónica Portuguesa

Coro do Teatro Nacional de São Carlos
maestro titular Giovanni Andreoli

Cenários e figurinos
Théâtre du Capitole de Toulouse
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No Teatro de São Carlos, conhecemos Mário Malagnini de Gabriele Adorno em "Simon Boccanegra" (Dezembro de 2004), Dimitra Theodossiou de Medeia em "Medea" (Janeiro de 2005), Carlo Guelfi de Alfio em "Cavalleria rusticana" e de Garrido em "La Navarraise" (Março de 2005) e Antonio Pirolli dirigiu "Un ballo in maschera" (2000).
Muito bom Dimitra Theodossiou em Medeia encenada por Luís Miguel Cintra.

Primeira representação em Portugal: 23 de Março de 1889, Lisboa no TNSC, dois anos após a estreia em Milão.
De 1889 a 1910, 18 representações de Otello em Lisboa: TNSC, Coliseu e D. Amélia (S. Luiz).
O mais recente Otello em São Carlos data de 1989 e teve Plácido Domingo por protagonista.
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Otello, generale dell'armata veneziana e governatore di Cipro, approda nell'isola, acclamato da una gran folla e accolto affettuosamente dalla moglie Desdemona. L'alfiere Jago nutre sordi rancori nei confronti di Otello, poiché aspirava al grado di capitano, assegnato, anziché a lui, al giovane Cassio: di conseguenza, trama progetti di vendetta nei confronti di Otello. Jago riesce anzitutto a provocare, tra Cassio e Roderigo, un duello, a seguito del quale Cassio viene degradato. Inizia poi ad agire sullo stesso Otello, facendogli intravedere la possibilità che vi sia qualche intesa di carattere amoroso tra Cassio e Desdemona: Otello esige una prova e Jago gli consegna un fazzoletto, regalato dallo stesso Otello alla moglie, che Jago asserisce aver sottratto a Cassio. Otello, furibondo di gelosia, affronta Desdemona, la accusa e la insulta pubblicamente. Non ha infine più alcun dubbio sul tradimento della moglie, allorché giunge un decreto della Serenissima che lo richiama a Venezia, e nomina contemporaneamente Cassio governatore di Cipro. Progetta allora di far colpire a morte in duello Cassio da Roderigo e di uccidere con le proprie mani la sposa infedele: Otello quella stessa notte raggiunge Desdemona e la strangola. Roderigo, morente a seguito dello scontro con Cassio, gli rivela l'intrigo messo in atto da Jago. Otello, disperato, si dà la morte trafiggendosi il petto con un pugnale.


Otello no TNSC em 1965. (TSC, BN)


Retrato de Verdi por Columbano Bordalo Pinheiro. (M.P.P. 44 V., BN)

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Antony and The Johnsons

Coliseu dos Recreios, 31 de Outubro de 2005

We caught up with Antony from Antony and the Johnsons and talked about Lou Reed, Devendra Banhart and Chichester... (BBC)

Silêncio, que Antony vai cantar. Voz de anjo atormentado, corações ao alto, o céu tão próximo. O "songwriter" vai estar no Coliseu de Lisboa no dia 31 de Outubro.

Quando o vimos pela última vez, já era um "hype" maior desse retrato de família em que aparecem figuras como Devendra Banhart, CocoRosie ou Rufus Wainwright, embora pairem também por lá os espíritos de Lou Reed e Boy George - o que diz muito do fetichismo desta personagem. Tem uma figura impotente e disfuncional, mas não tão impotente e disfuncional como a voz, que não é deste mundo.

Quando o vimos pela última vez, já tinha em mãos "I Am A Bird Now". O que não tinha era o "hype" convertido num Mercury Prize, um dos mais distintos prémios para a música feita no Reino Unido, para muitos já merecido desde a estreia com "Antony & The Johnsons" e a oferta dessa música etérea e simultaneamente íntima. A acústica tem de ser perfeita. Silêncio. (Público)
I am a bird now

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Aurora de Murnau


Sunrise: A Song of Two Humans
de Friedrich Wilhelm Murnau
(1927)
Argumento: Carl Mayer, Hermann Sudermann.
Com: George O'Brien, Janet Gaynor, Margaret Livingston.

Uma obra-prima do realizador do período expressionista alemão e o seu primeiro filme realizado nos Estados Unidos, em exibição no cinema Nimas (cópia restaurada).

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Formas e Ambientes - As Colecções do Museu de Artes Decorativas de Praga


Museu-Escola de Artes Decorativas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva
até 28 de Janeiro de 2006
(palácio Azurara, no Largo das Portas do Sol)


Prólogo
Contexto geográfico, histórico e sócio-cultural

Núcleo I
O Novo Coleccionismo e o Gabinete de Curiosidades
O espírito do homem do renascimento, a atracção pelo exotismo, a preciosidade dos objectos, a organização do saber.

Núcleo II
Barroco - A Explosão do Ornamento
O aparato, o luxo e a exuberância do Barroco e Rococó expresso na explosão da forma e do ornamento.

Núcleo III
O Regresso à Ordem e a uma Nova Sensibilidade
O revivalismo dos valores da Antiguidade e os movimentos historicistas e ecléticos.

Núcleo IV
Arte Nova – Transição Flamboyante
As artes decorativas invadem o ambiente doméstico, anunciando um novo capítulo no desenvolvimento do gosto.

Co-organização entre a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva e o Museu de Artes Decorativas de Praga - UPM.
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(...) Construída à maneira de um labirinto que nos obriga a avançar e a recuar, a ver e a rever, a procurar e a encontrar, encenando alguns contrastes que são outras tantas surpresas, mudando continuamente os objectos e os seus suportes, mantendo quase ocultas, embora visíveis, algumas iconografias interessantes, utilizando com sabedoria o documento gráfico, esta é uma exposição sem vedetas aparentes entre as peças que nos mostra, mas com uma boa consistência na sua variedade, nos tempos que atravessa e nos faz atravessar; essa é a sua melhor arma, que se transforma, por sua vez, num retrato simbólico do museu e da cidade que representa.
Texto de José Luís Porfírio, Expresso

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

CATALYSTS!
O design de comunicação enquanto força cultural


Centro Cultural de Belém, até 27 de Novembro de 2005.

Comissário: Max Bruinsma
Comissário assistente: Willem van Weelden
Design da exposição: Ontwerpwerk (coordenação) Ed Annink - Ontwerpwerk; Fernando Brízio; Pierre di Sciullo; Erik Adigard - M-A-D, Rob Schröder, Jan van Toorn

Integrada no programa da ExperimentaDesign05-Bienal de Lisboa, Catalysts! aborda a relevância e o impacto do design de comunicação na cultura visual contemporânea.

Exposição muito interessante para conhecer o mundo da comunicação ("believe") , a maior exposição de design gráfico em Portugal até hoje.

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Também para quem não gosta das óperas do século XX, mas gostará quando estivermos no século XXII


Conferências
às 4as.feiras
de 26 de Outubro
a 14 de Dezembro
18h30

Óperas (mal) amadas do Século XX
Segunda série (1901-1950)

Muitas obras-primas foram marginalizadas, ou mesmo lamentavelmente esquecidas. Tal como há dois anos, pretende-se, a partir da selecção efectuada por "Os Amigos do São Carlos", lembrar que há mais obras (óperas!) para além das que vivem nos repertórios considerados tradicionais.
São flagrantes as injustiças que a história vai coleccionando, como se pode facilmente constatar.
A razão de ser da "recuperação" destas obras torna-se evidente com a sua apresentação neste ciclo.
Não nos podemos esquecer do exemplo que foi o Così fan tutte de Mozart... dois séculos no olvido de uma obra-prima absoluta!

26 de Outubro
Osud (1907) de Leos Janácek (1854-1928), por João Paes

2 de Novembro
Maskarade (1906) de Carl Nielsen (1865-1931), por Sérgio Azevedo

9 de Novembro
Der ferne Klang (1912) de Krank Schreker (1878-1934), por Carlos de Pontes Leça

16 de Novembro
Die Vögel (1920) de Walter Braunfels (1882-1954), por Cristina Fernandes

23 de Novembro
Brundibár (1943) de Hans Krása (1899-1944), por Eugénio Sena

30 de Novembro
OEdipe (1936) de George Enescu (1881-1955), por Alexandre Delgado

7 de Dezembro
Les mamelles de Tirésias (1944) de Francis Poulenc (1899-1963), por Rui Vieira Nery

14 de Dezembro
The Duenna (1947) de Roberto Gerhard (1896-1970),por António Pinho Vargas

Organização Os Amigos do São Carlos / Culturgest
Ciclo de conferências ilustradas com projecções em vídeo e áudio

domingo, 16 de outubro de 2005

Quem manda em quê nas fundações culturais:
o administrador-delegado ou o director artístico?


O modelo de fundação para a Casa da Música coloca núcleo empresarial e ministério da cultura em desacordo.

Quem manda?
Na minha opinião e na opção limitada a estas duas escolhas, é o director artístico quem decide a programação e os conteúdos, ou pelo menos, estes necessitam da sua aprovação.

sábado, 15 de outubro de 2005

Excelente ópera barroca para principiantes
em edições de 2005

Eu não apreciava especialmente música barroca.
Passei a gostar mais com estas duas interpretações.

Bajazet, Vivaldi

David Daniels countertenor
Ilderando D'Arcangelo bass-baritone
Marijana Mijanovic mezzo-soprano
Elina Garanca mezzo-soprano
Vivica Genaux mezzo-soprano
Patrizia Ciofi soprano
Europa Galante, Fabio Bondi
Tragedia per musica
Libretto de Agostino Piovene



Fabio Bondi

Vivaldi sublime, Fabio Bondi sublime.
Biografia de Fabio Bondi.


Opera Proibita
Alessandro Scarlatti (1660-1725)
George Frideric Handel (1685-1759)
Antonio Caldara (c.1670-1736)

Cecilia Bartoli, mezzo-soprano
Les Musiciens du Louvre - Grenoble, Marc Minkowski

Deslumbrantes Cecilia Bartoli e Les Musiciens du Louvre.
Biografia de Cecilia Bartoli.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Barroco e escolas checas e húngaras
nas próximas edições da festa da música no CCB

O tema da edição de 2006 é "A Harmonia das Nações" e cobrirá o período 1650-1750. Interpretação de obras dos compositores Purcell, Handel, Telemann, Bach, Rameau, Couperin, Vivaldi, Scarletti, Soler, De Nebra, Almeida, Seixas...

As escolas nacionais checas e húngaras estão previstas para a edição de 2007.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Harold Pinter
"who in his plays uncovers the precipice under everyday prattle and forces entry into oppression's closed rooms"


Prémio Nobel da Literatura 2005


– Hello. Good morning.

– Good morning, good morning, Mr Pinter. Congratulations. I’m calling from the official website of the Nobel Foundation.

– Yes. Well, thank you very much.

– It’s fantastic news for us here; and I would like to hear what your thoughts were when you received the news.

– Well, I’ve ... I’ve been absolutely speechless. I am ... I’m overwhelmed by the news, very deeply moved by the news. But I can’t really articulate what I feel.

– You didn’t have any idea it could come your way, did you?

– No idea whatsoever! No. So I’m just bowled over.

– There’s so much to talk about. But I would like just to ask you what, in your career, you think has been the most important, what has the most ...

– I cannot answer ... I can’t answer these questions.

– No, I understand.

– There’s nothing more I can say, except that I am deeply moved; and, as I say, I have no words at the moment. I shall have words by the time I get to Stockholm.

– You will be coming to Stockholm?

– Oh, yes.

– Okay. Thank you, Sir.

– Okay?

– Thank you.

– Thank you very much.

– Thank you.

Harold Pinter website

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Os filmes da 6ª festa do cinema francês nos cinemas portugueses

Estreias

Golpe a Golpe (Le Couperet) de Costa Gavras
Amanhã

AS BONECAS RUSSAS (LES POUPÉES RUSSES) de CEDRIC KLAPISCH
ANTHONY ZIMMER de Jérôme Salle
20 de Outubro

HABANA BLUES de BENITO ZAMBRANO
3 de Novembro

ROIS ET REINE de ARNAUD DESPLECHIN
17 de Novembro

GABRIELLE de PATRICE CHÉREAU
15 de Dezembro

terça-feira, 11 de outubro de 2005

Shantala Shivalingappa

Kuchipudi (Shantala website)

Kuchipudi is a classical dance form of South India. It takes its name from a small village called Kuchipudi, in the state of Andhra Pradesh, where it was born.

Like all Indian classical dance forms, it is based on the Natya Shastra, a 2000 year-old treaty on dramatics, which gives a very precise and highly developed codification of dance, music and theater.
(...)


Gulbenkian, 25 de Outubro de 2005

Shantala Shivalingappa, dança e direcção artística
J. Ramesh, voz
N. Ramakrishnan, Mridangam (percussão) e
criação rítmica

M. S. Sukhi, Nattuvangam (címbalos) e percussão
K. S. Jayaram, flauta

Savitry Nair, Consultor artístico
Nicolas Boudier, Luzes


Kuchipudi
Dança clássica do Sul da Índia
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1. Oração Cantada a Saraswathi
Deusa das Artes e do Conhecimento

2. “Surya Stuthi”
Raga: Sowrashtram – Talam: Rupaka (6 tempos)

Coreografia, Mestre Vempati Chinna Satyam

Homenagem a Surya, o Sol, divindade venerada na Índia ao nascer e ao pôr-do-sol. A dança começa com uma saudação a Surya e continua com o seguinte poema:

“Louvores a ti, ó Surya,
Tu és a fonte da nossa vida,
abençoas-nos com a tua luz sagrada,
sem nenhuma distinção entre os seres,
Tu és o testemunho supremo desta Terra,
nós recebemos a tua bênção com humidade e gratidão”

3. “Ananda Nartana Ganapati”
Raga: Nattai – Talam: Adi (8 tempos)

Coreografia, Kishore Mosalikanti
Palavras e música, Uttukadu Venkatakavi

Ganapati, ou Ganesha, o Deus com cabeça de elefante, é um dos Deuses mais adulados na Índia. Encantador e sempre benevolente, é venerado como aquele que destrói todos os obstáculos no nosso caminho. O compositor Uttukadu, conhecido pela sua utilização rítmica das palavras no canto, escolheu descrever aqui um Ganesha dançante. Assim, a coreografia adopta a forma dos movimentos graciosos e alegres da dança de Ganesha.

4. “Rasalila”
Raga: Madhuvanti – Talam: Tishra (3 tempos), Chaturashra (4 tempos)

Coreografia, Shantala Shivalingappa
Música, Prof. B. Ramamurthy Rao

Dança de Krishna com as jovens camponesas. Ele toca a sua flauta divina; elas acompanham-no tinindo os seus guizos.

“Oh Krishna, toca a tua flauta divina, que cada parcela do nosso corpo esteja em êxtase. A bela Radha, o seu coração cheio de amor, desespera por te ver.

Não escutas os guizos no seu pé a chamar o teu nome?
Ela reuniu as suas companheiras, belamente vestidas, foram esperar-te às margens do rio Yamuna.

Radha espera-te, o seu coração dançante, como a lua entre as estrelas, num céu que se agita com a ideia deste encontro amoroso.

Krishna o bem-amado chegou, para tocar e dançar com as jovens camponesas, e a floresta inteira rejubila com a sua presença.

Que este canto faça esquecer todos os seus males àqueles que o escutam.”

5. “Talamelam”
Ensemble rítmico

Concepção e Direcção, Savitry Nair
Criação rítmica, N. Ramakrishnan
Com todos os membros da orquestra
Coreografia, Shantala Shivalingappa

Se a melodia é o corpo da música indiana, o ritmo é o seu coração. Na Índia, diz-se: “a melodia é a Mãe, e o ritmo é o Pai” da música. O mesmo se diz para a dança.
O sistema rítmico, Tala, é uma disciplina independente, com uma técnica complexa e subtil, delicadamente desenvolvida. De facto, o sentido matemático inato do espírito indiano, forneceu-lhe um grande rigor. Os diferentes estilos de Dança Clássica Indiana tiveram origem nesta riqueza do Tala, cada um desenvolvendo linguagens rítmicas muito particulares.
Que formas adopta esta rítmica no Kuchipudi?
Apercebemo-nos de:
Variações vocais de sílabas rítmicas.
Variações sonoras dos batimentos da percussão.
Um jogo, uma conversação lúdica na linguagem do ritmo.
Conversação que se conclui no diálogo entre a dançarina e o “mridangista” (percussionista): batimentos de pés contra virtuosismo dos dedos. Uma improvisação que valoriza os diferentes batimentos e posições dos pés no âmbito do estilo Kuchipudi.
A mesma rítmica, dançada sobre um palco de cobre, é uma particularidade do Kuchipudi.

6. “Shiva Ganga”

Concepção, Savitry Nair
Coreografia, Mestre Vempati Chinna Satyam e Shantala Shivalingappa

Coreografia que coloca em paralelo dois aspectos fundamentais da dança indiana. Por um lado, Tandava, a energia viril, encarnada por Shiva. Por outro, Lasya, a energia 7 Notas à margem doce e graciosa, encarnada por Ganga. A energia intensa da meditação permite a manifestação destes dois aspectos.

I. Oração de Bhagiratha ao Deus Shiva
Raga: Karnataka Suddha Saveri

O mundo está confrontado com uma terrível seca, apenas podendo ser salvo pelo rio divino Ganga, rio dos céus. Mas a força colossal da sua torrente ameaça despedaçar a terra. Só Shiva, o Todo-poderoso, pode suportar a queda das águas. Bhagiratha é escolhido para implorar ao Deus Shiva que aceite receber Ganga na sua cabeleira, e assim amortecer a torrente sobre a terra.

II. “Tandava”, Dança cósmica do Deus Shiva
Raga: Amritavarshini – Talam: Mishra Chaapu (7 tempos)

Shiva fica perturbado, sendo portanto sensibilizado pela intensidade do apelo de Bhagiratha. Responde à oração através da sua dança cósmica, Tandava, acompanhada pelo som primordial do Damaru, o pequeno tambor que segura na mão. Shiva aceita receber Ganga na sua cabeleira, e ela deixa-se aí deslizar diligentemente.

III. “Ganga Pravesham”
Raga: Keeravani – Talam: Khanda Chaaapu (5 tempos)

Na tradição do Kuchipudi, cada personagem principal entra em cena e apresenta-se ao público numa coreografia que destaca os traços principais da sua personalidade. Este tipo de coreografia intitula-se Pravesham. Aqui, Ganga apresenta-se, com graciosidade e vivacidade, animada por um amor puro e intenso por Shiva.

Esta é a história da chegada do rio Ganges à Terra. Na Índia é venerado como uma divindade e a sua água é sagrada. Ao longo de todo o seu curso, santifica a terra e purifica todos os que mergulham nas suas águas. A dança termina sobre a imagem da descida tumultuosa de Ganga sobre a terra.
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Índia Dançada
Shantala Shivalingappa apresenta dança indiana com raízes que remontam há mais de 2000 anos
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(...)
O Kuchipudi usa duas importantes técnicas, desenvolvidas de diferentes formas, em cada um dos estilos de dança clássica indiana: Dança Pura e Dança Expressiva.

A Dança Pura, ou nrtta, é rítmica e abstracta. Os pés executam os complexos padrões rítmicos da música acompanhante, sendo seguidos pelo resto do corpo, da cabeça até às pontas dos dedos, por vezes com austera precisão, por vezes com movimentos fluidos e graciosos.

A Dança Expressiva, ou abhinaya, é narrativa. Cada parte do corpo é usada para reviver um texto, poema ou história, recitada pelo canto. Os gestos feitos com as mãos - mudrás - estão codificados numa linguagem muito precisa. As expressões faciais são estilizadas, por forma a responderem a um largo espectro de emoções e sentimentos, complexos e subtis. Todo o corpo se anima para transmitir as emoções que emanam da canção.
(...)
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e também ...
Orquestra Gulbenkian, 13 e 14 de Outubro de 2005
Obras coreografadas, com a participação da bailarina indiana

Claude Debussy
Danse Sacrée et Danse Profane, para Harpa e Orquestra de Cordas

Maurice Ravel
Introduction et Allegro
Ma mère L'Oye

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Orquestra Sinfónica NHK de Tóquio
Vladimir Ashkenazy (maestro)
Soile Isokoski (soprano)


NHK Symphony Orchestra, Tokyo
Orquestra Sinfónica NHK de Tóquio
Ashkenazy a Oriente - Clássicos do século XX
Coliseu dos Recreios, 16 de Outubro de 2005

Richard Strauss
Vier letzte lieder, 1948
Four Last Songs
(Die
vier letzten Lieder von Richard Strauss nach Gedichten von Hermann Hesse und Joseph von Eichendorffentstanden 1948 in der Schweiz, in die sich Strauss mit seiner Frau gegen Kriegsende flüchtete. Anders als es der Titel nahelegt, stellen sie weder das Ende seines Schaffens dar, noch wurden sie vom Komponisten als Zyklus angelegt. Die Lieder wurden erst später, wohl aufgrund ihrer thematischen Einheit, als "Vier letzte Lieder" herausgegeben. Als solche gelten sie heute als sein Schwanengesang. Vor dem Hintergrund des vergangenen Krieges und auch in Gewärtigung des eigenen, baldigen Todes, behandelt Strauss in diesen Liedern die Themen Tod und Abschied.)

In dusky vaults
I have long dreamt
of your trees and blue skies,
of your scents and the songs of birds.

Now you lie revealed
in glistening splendour,
flushed with light,
like a wonder before me.

You know me again,
you beckon tenderly to me;
all of my limbs quiver
from your blissful presence!


Claude Debussy
Jeux, 1913
(
The last orchestral work by Debussy, the ballet Jeux contains some of Debussy's strangest harmony and texture in a form that moves freely over its own field of motivic connection.)
(
Dans cette deuxième période éclate la modernité d'un style qui semble s'être affranchi de toutes les conventions formelles antérieures et Debussy fait de plus en plus figure de chef d'école.)

Maurice Ravel
Daphnis et Chloé, Suite Nº 2, 1912
symphonie choréographique
(
The vision of ancient Greece - from a romance by the Greek writer Longus - through the modification of 18th century French classicism in the languorous ballet Daphnis et Chloé, written for Ballets Russes sur une commande de Diaghilev, une chorégraphie de Fokine, avec Nijinski, Karsavina et Pierre Monteux au pupitre. It concerns the love between a goatherd and a shepherdess. It is in one act and three scenes. The music, some of the composers most passionate, is widely regarded as some of Ravel's best, with extrodinarily lush harmonies typical of the impressionist movement in music.)


Vladimir Ashkenazy


Soile Isokoski

O Ciclo Grandes Orquestras Mundiais está de volta. A primeira proposta da Gulbenkian é este concerto da Orquestra Sinfónica NHK de Tóquio. É imperdível por dois motivos: o prestígio do colectivo japonês e a presença de Soile Isokoski, solista que só por si valeria a viagem ao Coliseu de Lisboa no dia 16 de Outubro.Desde a sua fundação em 1946 que a Orquestra Sinfónica NHK de Tóquio é a referência das referências no Japão e tem o seu lugar cativo na galeria das grandes orquestras do globo. Mais de 200 composições já lhe foram entregues para serem tocadas pela primeira vez. O currículo perde a conta aos prémios que o grupo já conquistou dentro e fora de portas.

Mas o brilho do serão não fica pela reputação da orquestra. A dirigi-la, na interpretação de obras de Strauss, Debussy e Ravel, estará o destacado maestro russo Vladimir Ashkenazi.

Mais: a solista convidada é a soprano finlandesa Soile Isokoski, apontada pela crítica como uma das melhores intérpretes actuais deste repertório. A "Gramophone" premiou-a com o Editor's Choice Award. A BBC disse o seguinte: "Simples, directa e profundamente comovente (...). A voz prateada da soprano eleva-se sem esforço à estratosfera, num som tão belo quanto alguém poderia desejar, sem as camadas de verniz interpretativo ou as riquezas de vibrato que, na realidade, acabam por nos distanciar do verdadeiro conteúdo emocional das canções (...)."
Público online

terça-feira, 4 de outubro de 2005

Wolfgang Holzmair (barítono)
Roger Vignoles (piano)


Wolfgang Holzmair

Fundação Calouste Gulbenkian, 11 de Outubro de 2005
«Um barítono que soa como Fritz Wunderlich», palavras de Charlie Cockey dedicadas ao cantor. Elogio? Claro que sim, pois a comparação é com uma das mais belas vozes da história! E a alusão insinuada à clareza da voz de Wolfgang Holzmair não deve ser lida como crítica. É que já não vivemos nos tempos de Dietrich Fischer-Dieskau, de Hans Hotter, ou mesmo do mais "leve" Hermann Prey, barítonos de tradição e cultura alemã que convenceram na ópera, em concerto e em recital com vozes escuras e de grande potência. Os barítonos do nosso tempo, os mais jovens, já possuem características mais luminosas, no que à cor vocal diz respeito.

Gustav Mahler
Ablösung im Sommer
Rheinlegendchen
Revelge
Irdisches Leben
Zu Straßburg auf der Schanz
Hans und Grete
Ich ging mit Lust
Wo die schönen Trompeten blasen

Béla Bartók
De Oito canções populares húngaras, Sz.64
- Ha kimegyek
- Töltik a nagy erdô útját

De Vinte canções populares húngaras, Sz.92
- Párosító
- Régi keserves
- Székely «lassú»
- «Hátforintos» nóta

Johannes Brahms
Wach auf mein Herzensschöne, WoO.33/16
Erlaube mir, feins Mädchen, WoO.33/2
Es steht ein Lind in jenem Tal, WoO.33/41
Die Sonne scheint nicht mehr, WoO.33/5
Schwesterlein, WoO. posth. 33/1
Wie komm ich denn zur Tür herein, WoO.33/ 34

Leos Janácek
Slzy úoechou
Osúd
Oéíëek léskový
Osaoelý
Pohéeb zbojníköv (versos: 1, 3, 4, 5)

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Orquestra Gulbenkian
Lawrence Foster (maestro)
Radu Lupu (piano)
Claudia Stein-Cornaz (flauta)


Lawrence Foster


Radu Lupu


Claudia Stein-Cornaz

Fundação Calouste Gulbenkian, 6 e 7 de Outubro de 2005
A simetria do programa apresentado remeterá o ouvinte para uma dicotomia entre clássico/contemporâneo ao longo das duas partes do concerto, representados por alguns dos nomes mais sonantes quer da composição quer da interpretação do panorama musical internacional.

Joseph Haydn
Sinfonia Nº 95, em Dó menor

Emmanuel Nunes
Tissures
(Obra originalmente intitulada Trames)

Pierre Boulez
Memoriale (...explosante fixe... Originel), para flauta solo e oito músicos
(no 80º Aniversário do compositor)

Wolfgang Amadeus Mozart
Concerto para Piano Nº 20, em Ré menor, K.466

sábado, 1 de outubro de 2005

À Luz de Einstein 1905-2005



Uma mostra que se articula à volta do tema da luz e da matéria e que se insere no âmbito do Ano Internacional da Física. A partir de 3 de Outubro, na sala de exposições temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian.

Centrando-se no tema da luz e da matéria, "À Luz de Einstein" coloca em evidência alguns dos aspectos mais importantes dos progressos científicos dos últimos cem anos, relatando os mais relevantes marcos do conhecimento científico, tendo como foco particular Einstein e o seu trabalho de 1905 - para muitos, o "annus mirabilis" da sua vida científica.

Dirigida a um público escolar, a exposição pretende mostrar aos jovens o papel determinante da Física e da ciência em geral. Serão abordados temas como a estrutura das galáxias, a história do universo e as forças da natureza, os lasers do século XXI, as nanotecnologias e a macroelectrónica, os sinais do cérebro, a forma das proteínas e os padrões da natureza.

De 04-10-2005 a 15-01-2006
Terça a domingo das 10h00 às 17h45 (Encerra 1 de Janeiro)

Gulbenkian
FC-UL
Nuno Crato, Expresso

Os Animais Domésticos
Tragédia de Letizia Russo encenada por Silva Melo



Teatro D. Maria II, Lisboa, até 23 de Outubro

Artistas Unidos


Uns cegos, uma mãe que aguarda o regresso do seu filho, gente que passa, amantes encontrados e reencontrados, um filho que se liberta, a educação que prende, gente que espera e perde, as apostas de vida, cães vadios, a vida tumultuosa, o vai vem, miséria e honra. E a fúria dentro de cada um.

Quem manda em quem? Quais os modos de mandar, de prender, de afirmar a própria existência perante o outro?

Há por estas ruas uma violência que foi domesticada. Ou que reabre as suas fendas.

As feras voltam. E com elas as fúrias.

CÃO 2 – Que te importa um pontapé se depois te dão de comer.
CÃO 1 – Um pontapé dói.
CÃO 2 – E a fome não.
Letizia Russo. Os Animais Domésticos


Cerca de quatro séculos antes de Cristo, Aristóteles, naquilo que é a obra de teoria e de crítica literária mais importante da cultura ocidental, dá-se ao trabalho de definir aquilo que é e o que deve ser a tragédia - para ele, o género literário por excelência. O seu grande modelo é o Rei Édipo, de Sófocles; as situações são trágicas quando acontece um azar a alguém que não precisa de ser um génio, ou um Deus, mas que está bastante acima da média; uma má escolha, um mau passo, e as consequências são funestas. Claro está, a culpa tem um papel muito reduzido; as circunstâncias, pode dizer-se de maneira algo redutora, são tudo. Mais, o desgraçado herói trágico é, idealmente, um ser cuidadoso, escrupuloso, pronto a reconhecer (depois do mal feito) aquilo que só então se pode reconhecer como erro.
João Carneiro, Expresso