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quinta-feira, 27 de março de 2008

Geração de 70: Orchestrutopica


Álvaro Salazar
(n.1938)
Intrada I-A (1998)
primeira audição em Portugal

Constança Capdville
(1937-1992)
da lontan fa spechio il mare (1989)

Jorge Peixinho
(1940-1995)
A silenciosa rosa / rio do tempo (1994)

Álvaro Salazar
(n.1938)
Acalanto para implumes (2006-2007)

Clotilde Rosa
(n.1930)
Frequência 94.4 (1994)

Cândido Lima
(n.1939)
Oscillations (1974-75)

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Jean-Sébastien Béreau maestro

Este concerto apresenta música de alguns dos compositores activos nos anos setenta, cuja actividade foi decisiva para a música contemporânea e para o futuro da música em Portugal. Os anos setenta do século passado em Portugal (e, também, no mundo) foram o tempo de várias mudanças essenciais nos diferentes campos – incluindo no campo da música. Mudou em Portugal, a meio dessa década, a condição que nos afastou por demasiado tempo do curso das coisas do mundo; uma mudança que permitiu finalmente abrir o país ao exterior, que permitiu anular, no caso da música, aquilo que asfixiava a possibilidade de acompanhar a tendência geral. Os anos setenta do século XX marcaram a mudança política, o ponto da saturação e da exaustão relativamente a um longo momento histórico em que dominou o preconceito, a aversão à novidade, o afastamento em relação às novas tendências, linguagens e vozes da música moderna e contemporânea.

O título deste concerto é tomado de empréstimo à outra geração de 70 - a do século XIX que marcou a introdução do realismo na literatura e marcou uma posição política e artística forte através de um pensamento crítico activo. No fim do seu arco de existência sentiu a derrota como um destino fatal. Ao contrário, o que este concerto celebra na geração de 70 da música do século XX é, de certa forma, o vigor da ligação entre as gerações de compositores que pela sua acção persistente, tornaram possível o seu futuro (ou seja, o nosso presente) e as gerações que se seguiram. É, afinal, um tributo aos protagonistas dessa resistência e da fundação do presente da nova música portuguesa.

De certa forma, este concerto pretende demonstrar essa ligação, tornando visíveis os laços e a continuidade. O trabalho precursor destes compositores (quer musical, quer também como promotores de concertos, divulgadores e professores) estreitou os laços que ligam as diferentes gerações de compositores portugueses que hoje se afirmam num ambiente totalmente diferente: com liberdade, com abertura e com horizonte.

De formas diferentes todos os compositores programados neste concerto intervieram decisivamente no curso dos acontecimentos. Representando uma primeira geração da vanguarda musical da música portuguesa (activa, na realidade, desde os anos sessenta), cada um destes compositores deixou marcas, quer através da sua música, da sua linguagem, da sua intervenção cívica e das influências que geraram, quer através da sua actividade pedagógica na formação das novas gerações de compositores, quer através das suas iniciativas de que se destacam a criação de agrupamentos musicais pioneiros como o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa (por Jorge Peixinho, em 1970), o Grupo Música Nova (por Cândido Lima, em 1973-74), a Oficina Musical (por Álvaro Salazar, em 1978) e o Grupo ColecViva (por Constança Capdeville, em 1985) – que participaram frequentemente nos Encontros de Música Contemporânea da Fundação Calouste Gulbenkian.

O concerto Geração de 70 faz eco deste labor. E pretende, no fundo, actualizar a sua música que, por razões da singularidade da condição portuguesa, é pouco apresentada em concerto. Na realidade, algumas das obras destes compositores foram apresentadas uma única vez e nem sempre nas condições ideais.

Na programação de 2008 da ORCHESTRUTOPICA apresentará mais de vinte obras de outros tantos compositores portugueses, algumas em estreia absoluta (incluindo algumas encomendas) ou em primeira audição nacional. Um recentramento na criação musical portuguesa, num momento de grande vigor artístico e também o prenúncio de algumas mudanças importantes, apontando já novos caminhos para a actividade deste projecto que dá voz e espaço à nova música portuguesa.

José Júlio Lopes


Músicos
Katharine Rawdon flauta | Laura Marques oboé | Nuno Pinto clarinete | David Harison fagote | Paulo Guereiro trompa | António Quítalo trompete | Alexandre Vilela trombone | Elisabeth Davis percussão | Stafanie Manzo harpa | Elsa Silva piano, celesta | Júlio Guereiro guitarra | Vitor Vieira violino I | Juan Magiorani violino II | Cecliu Isfan viola | Marco Pereira violoncelo | Valdimir Kousnetzov contrabaixo
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Magnífico: música e músicos. Um dos espectáculos da temporada.
Com a presença de três compositores: Álvaro Salazar, Clotilde Rosa e Cândido Lima.
Momento raro.

Muito poucos, os espectadores, parecendo resumir-se a compositores, familiares e amigos dos músicos, mais meia dúzia.
Estamos mal quando ninguém quer ouvir ...
"(...
) um tributo aos protagonistas dessa resistência e da fundação do presente da nova música portuguesa."

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