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sexta-feira, 13 de julho de 2007

A Charrua e as Estrelas - Bernard Sobel


de Sean O'Casey, encenação de Bernard Sobel com a colaboração de Francis Seleck e assistência de Sophie Vignaux.
Criação no Festival de Almada.
Teatro de Almada, 17 e 18 de Julho de 2007

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A charrua e as estrelas relata o Levantamento da Páscoa de 1916, liderado por Pádraic Pearse (Comandante dos Irish Volunteers) e James Connolly (Comandante do Irish Citizen Army), e que redundou numa revolta falhada. No total, não participaram no Levantamento contra a ocupação britânica mais de 2.000 homens. Esta tomada de posição, heróica mas insensata, marcada pela indecisão, falta de comunicações, falta de poder de fogo e falta de apoio geral, foi facilmente esmagada pelas forças britânicas no espaço de uma semana. Pearse, Connolly e treze outros líderes foram sumariamente executados. Estas execuções marcaram a alteração do clima político na Irlanda e precipitaram a guerra de guerrilha pela independência, que conduziu à assinatura do Tratado entre a Bretanha e a Irlanda, em 1921, e ao estabelecimento de um Estado livre no Sul.
Christopher Murray

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Olá, artistas
Se é verdade que com A charrua e as estrelas O’Casey faz um ajuste de contas com uma página da História do seu país e da sua cidade, a “Páscoa sangrenta de 1916”, em Dublin, hoje em dia esta peça fala-nos de outra coisa: a história de seres humanos que, num momento de desordem, são arrancados às suas vidas normais e cujos fundamentos das suas existências ficam transtornados. Seres humanos que tentam, de uma forma dolorosa, escapar a qualquer preço às consequências desta desordem. Fazem-no construindo papéis para si próprios, pondo máscaras, alucinando ideias, como se fossem artistas. Resistem, antes que se desencadeie a violência que pesa sobre eles a cada instante, na sua miséria e na sua pobreza. Resistem através da presença quotidiana da morte, que lhes serve de quadro de vida.

Funâmbulos de uma arte de viver que consiste em segregar fantasmas, são cegos relativamente à miséria da sua condição. Se a violência vier a rebentar, essas construções desmoronam-se, sem que tenham no entanto consciência disso. Desnorteados, atiram-se sobre tudo o que lhes vier à mão, durante uma pilhagem generalizada. Os despojos fazem-nos esquecer por um instante a perda do heroísmo dos papéis que tinham construído para si próprios. Sonho e avidez, teatro e embriaguez: entre estes dois extremos perde-se o instinto vital de aproveitar a possibilidade, que qualquer desordem oferece, de agarrar o seu destino.
Bernard Sobel

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Intérpretes
Alberto Quaresma
Bruno Martins
Catarina Ascensão
Catarina Guimarães
Cecília Laranjeira
Elsa Valentim
Francisco Costa
Jorge Silva
Luís Ramos
Maria Frade
Mário Jacques
Miguel Martins
Pedro Walter
Teresa Mónica
Tiago Barbosa

Tradução
Helena Barbas
Cenografia
Jacqueline Bosson
Figurinos
Mina Lee
Som
Bernard Vallery
Luz
Vincent Millet
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Bernard Sobel

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