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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Visões Marítimas: Orq. Gulbenkian + Angelika Kirchschlager

Orquestra Gulbenkian
Lawrence Foster (maestro)
Angelika Kirchschlager (meio-soprano)

Benjamin Britten
Four Sea Interludes, da ópera Peter Grimes, op.33a

René Koering
Grand Adagio
(1ª Audição em Portugal)

Edward Elgar
Sea Pictures, op.37

Claude Debussy
La mer

Os concertos da Orquestra Gulbenkian anunciados para os próximos dias 13 e 14 de Dezembro serão dedicados ao mar. Uma proposta que, em abstracto, nos permitiria ouvir alguma da melhor música escrita nos últimos séculos, porque o Mar desde sempre arrebatou a paixão dos maiores artistas nos mais variados campos - Letras, Artes Plásticas, Música. Quase todo o programa será, no entanto, preenchido com música escrita em apenas meio século, grosso modo na primeira metade do século XX. A obra de Edward Elgar surge em 1899, a de Debussy, logo a seguir, em 1905, e a ópera de Britten Peter Grimes, de onde foram retirados os Quatro Interlúdios Marítimos, surge em 1945.

Sea Pictures, de Elgar, é um ciclo de cinco canções que musicam poemas de escritores diversos (Roden Noel, Caroline Alice Elgar - a esposa do compositor – Elizabeth Barrett Browning, Richard Garnett e Adam Lindsay Gordon). Este ciclo foi estreado por Clara Butt, um lendário contralto inglês, e desde a sua estreia tem apaixonado algumas das maiores cantoras do mundo, com especial incidência, obviamente, para as que provêm do mundo anglo-saxónico - Janet Baker, por exemplo, gravou-a mais de uma vez.

Na Fundação este ciclo terá como intérprete o meio-soprano Angelika Kirchschlager, e nisto reside uma das principais causas do interesse que este concerto tem vindo a despertar. Angelika Kirchschlager, nascida em Salzburgo, tem sido nos últimos anos uma das vozes mais salientes a nível planetário, quer no mundo da ópera, quer no do concerto e recital. Devido à sua cor vocal (não é um meio-soprano dramático, o que a tem afastado dos grandes papeis verdianos, wagnerianos e quejandos) tem-se tornado numa das mais apetecidas intérpretes de Mozart e de Richard Strauss. Uma importante base para a sua carreira em ópera têm sido, efectivamente, os magníficos papeis travesti escritos por estes dois compositores (Cherubino, Sesto de La Clemenza di Tito, Idamante, Oktavian), mas para além disso tem interpretado com enorme sucesso outros personagens masculinos: Nicklausse, Príncipe Orlovsky, Sesto de Giulio Cesare. A sua carreira não se limita a estes tipos de papeis, obviamente, e aí estão as Dorabella, Sophie (de Maw), Mélisande, Zerlina e outras para no-lo provarem. Como recitalista o seu repertório é imenso, de Bach a Kurt Weill, incluindo obras de Schubert, Mendelssohn, Rossini, Berlioz, Schumann, Brahms, Dvorak, Wolf, Mahler, Debussy, Ravel e Korngold. Angelika Kirchschlager tem-se apresentado nos maiores teatros de ópera e nos maiores auditórios musicais de todo o mundo e a sua discografia – alguma dela sob a direcção de Abbado e de Jacobs - inclui obras de Mendelssohn, Schumann, Brahms, Dvorak, Bach, Mahler, Korngold e Mozart. Angelika Kirchschlager foi durante alguns anos aluna de Walter Berry, um dos maiores baixos-barítonos do século XX.

Estes concertos vão dar-nos ainda oportunidade de ouvir em primeira audição no nosso país uma obra do compositor René Koering: Grand Adagio – uma obra escrita em 1999 por encomenda da Società di Concerti de Milão. Foi estreada no Conservatório Giuseppe Verdi da mesma cidade em 13 de Outubro de 1999 pela Orchestre Nationale de Montpellier Languedoc-Roussillon, sob a direcção de Enrique Diemecke.
FCG

Bom concerto. Simpático. Kirchschlager quase genial.
Sensualidade, presença em palco e beleza vocal... AR-E

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