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domingo, 23 de dezembro de 2007

CAM da Gulbenkian

O Centro de Arte Moderna vai crescer e ter metro à porta
O CAM tal como o conhecemos dará lugar a um centro maior e "mais ágil". A Gulbenkian tem novos terrenos e vai lançar já em 2008 o concurso de arquitectura

A Fundação Calouste Gulbenkian vai fazer obras de fundo e ampliar o seu Centro de Arte Moderna (CAM), visando mostrar em permanência a sua colecção de arte moderna e contemporânea e ter, ao mesmo tempo, um programa rotativo de grandes exposições temporárias.
Não há data marcada para o início das obras, mas a Gulbenkian quer estar preparada para que estas possam arrancar a qualquer momento a partir do lançamento de um concurso internacional de arquitectura - por convite - que a administração garante já para o primeiro semestre de 2008.
Os pormenores da obra surgirão, naturalmente, apenas com a escolha de um projecto, mas pretende-se que a actual entrada do centro, na Rua Doutor Nicolau Bettencourt seja abandonada, abrindo-se novos acessos nas traseiras edifício, cegas, apesar de orientadas para o coração do parque e, depois deste, para a Rua Marquês Sá da Bandeira, zona onde a fundação quer os novos acessos e para onde o Metropolitano de Lisboa tem prevista uma nova estação - São Sebastião II, que permite a transferência entre a Linha Azul (Baixa/Chiado-Pontinha) e a Linha Vermelha (Alameda-Oriente), ligando dois grandes pólos de atracção da cidade - a zona histórica da Baixa e do Chiado e a "cidade nova" da Expo.
A compra da última parcela do Parque de Santa Gertrudes que não estava na posse da Gulbenkian e que possibilitará a transformação do CAM foi concluída há dois anos, em Outubro de 2005, e já a pensar na requalificação do CAM. Contudo, a condessa de Vilalva, que vive na casa conhecida como "O Palacinho", contígua ao CAM, tem direitos de usufruto vitalício sobre esses terrenos. A Gulbenkian iniciará as obras apenas na cessação destes.
Com a aquisição, para além do que eram os sete hectares dos seus jardins, a Gulbenkian ganhou uma área de cerca de um hectare (8560 metros quadrados), que contorna a Casa de Vilalva e que, para além de se prolongar para trás do actual edifício do CAM, até à Rua Marquês Sá da Bandeira, se estende também para o lado, até à Rua Marquês da Fronteira, onde está a grande porta acastelada que foi em tempos a entrada principal do parque (e da Feira Popular de Lisboa) e que no século XIX serviu de entrada ao Zardim Zoológico de Palhavã.
Dos terrenos adquiridos exclui-se a casa de Vilalva e uma tira de jardim à volta desta, uma ilha pertencente à Fundação Eugénio de Almeida, fundada em Évora em 1963 por Vasco de Almeida, conde de Vilalva, entretanto falecido.
Abrir e agilizar
Teresa Gouveia, administradora da fundação, diz que "não se trata de anular o edifício já existente para substituí-lo por outro", nem sequer de "duplicar o CAM", actualmente com uma área expositiva de 3400 metros quadrados. Trata-se apenas, diz a administradora, de "reorganizar o centro, tornando-o, por um lado, mais apto a manter a colecção permanente com mais possibilidade de respiração, e, por outro, a organizar, ao lado dela, mostras temporárias".
Teresa Gouveia aponta como motivação para as intervenções aquelas que sempre foram tidas como as maiores limitações arquitectónicas do edifício inaugurado a 20 de Julho de 1983: "A natureza aberta e comunicante dos espaços interiores, pouco flexíveis, pouco práticas e limitativas a um tipo de programação que se quer aberta e flexível."
Este é um aspecto. Por outro lado, diz ainda a administradora, com o tipo de intervenção prevista, o público deverá ganhar "uma percepção mais integrante de todos os espaços da fundação, levando a que esta seja entendida como um conjunto [arquitectónico] uno e com um corpo de actividades articuladas".
Com a aquisição dos novos terrenos reconstitui-se também o conjunto original do Parque de Santa Gertrudes. "Retoma-se o todo original, que é totalmente devolvido ao público e à cidade", diz Teresa Gouveia.
O que não deverá acontecer é um regresso à lógica CAM/Acarte, segundo a qual entre 1984 e 2002 coexistiram num mesmo edifício exposições e outros tipos de manifestações de arte contemporânea, nomeadamente propostas de dança, área em que a Gulbenkian teve em tempos um papel fundamental (o Acarte foi criado por Maria Madalena de Azeredo Perdigão, ficando dele apenas um prémio para artes performativas com o nome da sua fundadora e dos mais prestigiados do país).
Ainda segundo Teresa Gouveia, o CAM deverá manter o seu pequeno auditório, mas não para espectáculos, antes para "um programa complementar de actividades com reflexo na colecção", como seminários, cursos, filmes e, porventura, performances. Sempre "actividades ligadas ao que é a área de intervenção principal do centro": as exposições.
Segundo Teresa Gouveia, a colecção de arte moderna e contemporânea do CAM, a única do país que cobre o século XX português de forma relativamente completa e sistemática, tem vindo a ser actualizada e continuará a sê-lo. Conta hoje com cerca de 8 mil obras e "é uma responsabilidade continuada que não parou no ano 2000".
Segundo Teresa Gouveia, a colecção de arte do CAM tem vindo a ser actualizada e continuará a sê-lo.
Público
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Após o encerramento do centro de exposições do CCB, voltaremos a ter um local para "grandes exposições temporárias" em Lisboa?
Seria bom...

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