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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Richard Strauss Vocal

Rentrée 2007
Richard Strauss
ópera Capriccio op.85
- Prelúdio, para sexteto de cordas
- Finale
ópera Ariadne auf Naxos
Duas árias:
- «Ein schönes war»
- «Es gibt ein reich»
Le Bourgeois gentilhomme
op.60
suite para orquestra

Orquestra Gulbenkian
Lwarence Foster (maestro)
Soile Isokoski (soprano)

Gulbenkian, 18 e 19 de Outubro de 2007

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Os sopranos têm a sorte de ter tido nos finais do século XIX e na primeira metade do século XX dois compositores que escreveram para a sua voz com uma paixão e uma veemência ímpares: Puccini e Richard Strauss. Não que Verdi, Bellini, Wagner e tanto outros não tivessem adorado escrever para soprano, mas é que também escreveram com igual veemência para tenor, meio-soprano, barítono ou baixo. E em Puccini e em Strauss o favorecimento é, digamos, quase desonroso. Os universos destes dois autores são de e para sopranos.

Neste contexto, um concerto totalmente dedicado a Richard Strauss só vale a pena ouvir, pelo menos no que respeita ao domínio vocal, se interpretado por uma grande cantora - a sua obra não se compadece com fracas vocalidades ou musicalidades. Tal é o caso de Soile Isokoski, soprano finlandesa em ascendente actividade há já quase 20 anos, uma cantora que, curiosamente, iniciou a sua carreira com um papel pucciniano - a Mimi.

Isokosi é uma das mais requestadas cantoras da actualidade no repertório straussiano não dramático (Elektras e Salomés não fazem parte do seu universo), tendo-se apresentado nos mais importantes palcos como intérprete de Capriccio, Cavaleiro da Rosa, Arabella, havendo a assinalar uma versão discográfica premiadíssima das Quatro Últimas Canções. Mas uma cantora de Strauss tem de ser obrigatoriamente uma grande cantora de Mozart, e Isokoski também se tem imposto como grande intérprete de As Bodas de Fígaro, Cosí fan Tutte e Don Giovanni. Tem também deambulado por outros terrenos da ópera e apresenta-se regularmente como recitalista. Seria aqui desnecessário, e quase ofensivo, enumerar os palcos, os maestros, os encenadores, os cantores, as orquestras com que Isokoski tem colaborado. Será suficiente dizer que ela se move naquilo que se considera o Olimpo canoro dos nossos dias.

Uma boa chave de entrada para a sua arte será talvez aquilo que a própria afirmou há não muito tempo: na sua juventude Maria Callas impressionou-a especialmente, e um pouco mais tarde tornou-se enorme admiradora de Jessye Norman e de Elisabeth Schwarzkopf. Ora, convenhamos, não poderá haver melhores faróis para cantar o final do Capriccio e as duas terríficas árias da Ariadne auf Naxos.

FCG

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