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quinta-feira, 27 de setembro de 2007
O Construtor Solness, Henrik Ibsen
Teatro do Bairro Alto
de 27 de Setembro a 4 de Novembro de 2007
Tradução Pedro Fernandes
Encenação Carlos Aladro
Cenário e figurinos Cristina Reis
Desenho de luz Carlos Aladro, Rui Seabra e Luis Miguel Cintra a partir de um desenho de luz original de Daniel Worm d’Assumpção
Som Juan Manuel Artero
Distribuição Beatriz Batarda, Duarte Guimarães, Luís Lucas, Luis Miguel Cintra, José Manuel Mendes, Sofia Marques e Teresa Sobral.
Resumo
Solness, construtor de casas numa pequena cidade da Europa do Norte, vive atormentado pela culpa e pelo medo de que os jovens lhe queiram tirar o poder que conquistou. Perdeu a alegria. E envelheceu. A sua mulher é a presença viva da morte dos filhos na consequência de um grande incêndio que lhe veio a possibilitar o êxito como construtor. Os seus empregados são as vítimas da sua crise.
Um dia acontece o que ele temia: a juventude entra-lhe pela porta dentro. Uma rapariga vinda das montanhas chega a sua casa para lhe recordar um dia de alegria esquecida: o dia, dez anos atrás, em que, desafiando Deus, venceu as vertigens, subiu ao catavento da alta torre que construíra e nesse entusiasmo a beijou, era ela ainda menina. Nesse dia prometeu-lhe que havia de voltar para fazer dela uma princesa e lhe dar um reino.
A rapariga, agora mulher feita, vem exigir o cumprimento da promessa e acaba por transformar a sua vida. Liberta-o da culpa, dos deveres familiares, da dependência dos empregados e devolve-lhe a alegria. Solness volta a ter confiança em si próprio, vence as vertigens e volta a subir a uma torre muito alta. Mas o gesto é maior que o homem e o Construtor cai da torre e morre. E Hilde, o anjo ou demónio que o veio visitar, apesar da tragédia, ganha de facto um reino: aprende a esperança de um mundo novo, finalmente liberto dos fantasmas do velho mundo.
E mais ...
É com esta intriga que Ibsen constrói uma das suas últimas peças, considerada por muitos como a sua obra-prima. A peça, perfeita na sua arquitectura dramática e na sua aparência de drama realista do fim do século XIX, adquire uma enorme carga simbólica e permite múltiplas interpretações. Solness, ao que parece, baseado em experiências de vida pessoais, pode ser uma projecção do próprio autor e da sua condição de artista. Mas é sobretudo o símbolo de um velho mundo, o poder da burguesia ou até a civilização ocidental em luta com a sua própria decadência. Hilde, a jovem que o visita, tem tanto de rapariga como de deusa. Solness é o Homem e quase adquire a dimensão de um Ícaro ou de um Prometeu. O conto filosófico adquire a dimensão de uma tragédia. Ibsen reconstrói uma mitologia.
Cornucópia, Luis Miguel Cintra, Beatriz Batarda, Carlos Aladro e Pedro Fernandes...
É com este texto que o Teatro da Cornucópia abre a nova temporada, com estreia marcada para 27 de Setembro no Teatro do Bairro Alto de Lisboa. Nos dois enormes papéis principais estarão Luis Miguel Cintra e Beatriz Batarda que, também 10 anos depois, volta a trabalhar na Companhia em que começou a sua carreira de actriz de teatro. Para dirigir o espectáculo a Cornucópia convidou o jovem encenador espanhol Carlos Aladro que durante vários anos foi membro importante do Teatro de la Abadia de Madrid e com quem Luis Miguel Cintra aí trabalhou na encenação de Comedia sin Título de Garcia Lorca. (...) A tradução é de Pedro Fernandes e está publicada no primeiro volume das obras de Henrik Ibsen editado pela Cotovia.
Teatro da Cornucópia
Textos de Carlos Alardo e Luis Miguel Cintra
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Muito bom: encenação e interpretações.
Carlos Alardo encena um Ibsen para todos os espectadores.
Luis Miguel Cintra em mais um bom momento, agora liberto da encenação.
Beatriz Batarda também bem, com uma caracterização mais difícil.
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