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segunda-feira, 26 de junho de 2006

O Nariz, Dmitry Shostakovich



3-11 Julho 2006
Teatro Nacional de São Carlos

Ópera em três actos, op. 15 (1930), com libreto do compositor em colaboração com Evgueni Zamiatine, Grigori Ionine e Alexander Preis, segundo o conto de Nicolai V. Gogol.

Direcção musical Donato Renzetti / João Paulo Santos
Encenação João Lourenço
Cenografia Jochen Finke
Figurinos Renée Hendrix
Dramaturgia Vera San Payo de Lemos
Coreografia Carlos Prado
Luzes Pedro Martins

Intérpretes
Andrew Schroeder
Major Platon Kuzmitch Kovaliov
Anna Carnovali
Praskovia Osipovna/Uma Parente/Uma Senhora Nobre
Ana Ester Neves
Uma Mãe/Filha de Pelageia Grigorievna Podtotchina
Carla Simões
Uma Parente da Velha Senhora
Carlos Guilherme
Nariz/Graduado
Dimitry Ovtchinnikov
6.º Criado/4.º Polícia/4.º Senhor/1.º Filho
Diogo Oliveira
Lacaio/1.º Criado/10.º Polícia/3.º Estudante
Fernando Cordeiro Opa
8.º Polícia/1.º Senhor
Frederico Félix António
Filho/1.º Dandy/2.º Conhecido
Gianluca Sorrentino
Iarïzhkin/Polícia
Guy Flechter
Chefe da Polícia/Eunuco
João de Oliveira
Um Guarda/8.º Criado/1.º Polícia/2.º Recém-chegado/6.º Senhor/1.º Conhecido
Jorge Martins
2.º Criado/Chefe de Estação
José Lourenço
9.º Polícia/1.º Estudante/3. Senhor
Lara Martins
Soprano solo/Vendedora/Mulher
Marcos Santos
7.º Polícia/7.º Estudante
Mário João Alves
Ivan, um criado/Velho
Marco Alves dos Santos
5.º Polícia/Tenor solo/2.º senhor/2.º e 6.º Estudante
Mário Redondo
Ivan Iakovlevitch/Pai/Vendedor/Lacaio
Paula Morna Dória
Velha Senhora/ Pelageia Grigorievna Podtotchina
Pedro Chaves
Um Polícia/Piotr Fiodorovitch/7.º Senhor/1.º Recém-chegado/5.º Estudante
Pedro Correia
Cocheiro/7.º Criado/ 3.º Conhecido/8.º Estudante/3.º Polícia
Rui Baeta
5.º Criado/2.º Filho/2.º Dandy/Voz Anónima/4.º Estudante
Vazgen Ghazarjan
4.º Criado/6.º Polícia/5.º Senhor
Vladimir Matorin
Empregado de anúncios/Médico/Ivan Ivanovitch

Orquestra Sinfónica Portuguesa

Coro do Teatro Nacional de São Carlos
maestro titular Giovanni Andreoli

Nova Produção
Teatro Nacional de São Carlos
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Shostakovichiana, a collection of documents and photographs relating to Shostakovich.
Biography (1906-1975).
Discography.
Guardian.uk.
mvdaily.com.
nytimes.com.
ionarts.blogspot.com.

"As for the strictly technical devices from such musical 'systems' as, say, the twelve-tone or the aleatory ... everything is good in moderation ... The use of elements from these complex systems is entirely justified if it is dictated by the idea of the composition."
Shostakovich on the use of avant-garde techniques.
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Ópera em três actos e um epílogo de Dimitri Chostakovitch.
Libreto do compositor em colaboração com Alexandre Preis, Grigori Ionine, Evgueni Zamiatine, segundo o conto de Nicolai V. Gogol.
Criação : Leninegrado, Teatro Maly, 18 Janeiro 1930

O Nariz de Chostakovitch é uma magnífica obra de arquitectura satírica, fundamentada numa collage de estilos, que convoca a paródia, o absurdo, o apontamento circense, o episódio sério, a alegoria burlesca, num virtuoso contraponto de momentos solidamente díspares. O espírito de cabaret reveste a intrincada estrutura teatral, pontuada por características surrealistas, derisão essencial estimulada por uma dramaturgia baseada em astuciosos diálogos de personagens-marionetes, aqui detentoras de um poderoso discurso vocal, pleno de nuances que se evidenciam no espectro entre a linguagem falada e o canto.

Chostakovitch, atento ao discurso vanguardista austro-germânico e à dramaturgia de Vsevolod Meyerhold - que exercerá sobre o compositor uma ascendência muito significativa -, empreende em 1927 a adaptação de O Nariz de Gogol (sátira à «época do chicote» de Nicolau I), parte dos Contos de S. Petersburgo. A concepção do rebuscado libreto, iniciado por Zamiatina, ao qual se associarão os jovens Alexandre Preis e Georgi Ionin, irá integrar excertos de outras obras de Gogol, nomeadamente de Almas Mortas, Casamento e Diário de um louco, e ainda a Canção de Smerdiakov de Os Irmãos Karamazov de Dostoievski. Esta rara comédia lírica que requer uma exigente produção, reunindo, nomeadamente, mais de setenta personagens, será estreada em 1930, no Teatro Maly de Leninegrado, sendo recebida com alguma hostilidade, e tem vindo, desde então, a recolher êxitos tardios em teatros de todo o mundo.

O argumento conta-nos como Ivan Iakolevitch, descobre um dia, num pedaço de pão do seu pequeno-almoço, um nariz. Ivan procura desfazer-se rapidamente deste apêndice. Na mesma manhã, o major Kovaljov, ao acordar, apercebe-se que lhe falta o Nariz e apresenta queixa na polícia dirigindo-se posteriormente à redacção de um jornal para editar um anúncio. O Nariz surge então na catedral de Kazan sob um uniforme de conselheiro de estado reaparecendo a partir desse momento em diversos locais da região, desafiando a competência policial, que encontra muitas dificuldades no contexto deste difícil processo. No epílogo, Kovaljov, ao acordar, apercebe-se que o seu nariz está de novo no sítio regressando finalmente a sua existência à normalidade.

PGR - TNSC

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