Música, dança, teatro, cinema, literatura, exposições, conversas, etc.
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sexta-feira, 30 de junho de 2006
Festival d'Avignon
Uma volta por Avignon... 6-27 Julho 2006
Une partie importante du programme témoigne d’un dialogue entre différents langages artistiques. En effet, ce dialogue est symbolisé par l’affiche, fruit de la rencontre entre Josef Nadj, metteur en scène, chorégraphe et danseur, et Miquel Barceló, peintre et sculpteur. La rencontre se retrouve aussi dans la démarche de nombreux artistes qui vont se nourrir d’autres formes : Jan Lauwers, François Verret ou Christophe Huysman, qui poursuit son travail entre son écriture et les arts du cirque.
Nous proposons également trois parcours artistiques qui témoignent d’une relation forte entre un metteur en scène et un auteur : Alain Françon avec Edward Bond, Eric Vigner avec Marguerite Duras, Marcial Di Fonzo Bo avec Copi.
Il y a aussi cette année un rapport très fort à la musique, que ce soit chez Alain Platel, Bartabas, Josef Nadj, tous les trois invitant une dizaine de musiciens sur le plateau, ou chez Anatoli Vassiliev qui développe son théâtre musical en compagnie du compositeur Vladimir Martynov. Enfin, un cycle de jazz et de musique improvisée va venir ponctuer l’ensemble du programme. Ces concerts seront souvent l’occasion d’une rencontre entre deux musiciens qui, grâce à la maîtrise de leur art, sont capables de dialoguer librement.
C’est une autre question de cette édition : la maîtrise du geste dans l’art, souvent fruit d’un long travail, permet à l’artiste de créer librement et souvent d’inventer une nouvelle forme.
Deux spectacles vont raconter ce moment concret de l’artiste face à son travail : le spectacle de Thierry Baë Journal d’Inquiétude qui raconte la solitude de l’artiste, ses doutes, le vieillissement de son corps. Et Lever de soleil où Bartabas invite les spectateurs à l’aube pour regarder ce moment de travail intime et magique entre le cavalier et son cheval qu’il pratique tous les matins.
terça-feira, 27 de junho de 2006
Bertelsmann acordou comprar Livraria Bertrand
A Bertrand é a maior empresa do sector a funcionar em Portugal há mais de 270 anos... e parece que irá ser comprada pela empresa alemã Bertelsmann...
segunda-feira, 26 de junho de 2006
O Nariz, Dmitry Shostakovich
3-11 Julho 2006
Teatro Nacional de São Carlos
Ópera em três actos, op. 15 (1930), com libreto do compositor em colaboração com Evgueni Zamiatine, Grigori Ionine e Alexander Preis, segundo o conto de Nicolai V. Gogol.
Direcção musical Donato Renzetti / João Paulo Santos
Encenação João Lourenço
Cenografia Jochen Finke
Figurinos Renée Hendrix
Dramaturgia Vera San Payo de Lemos
Coreografia Carlos Prado
Luzes Pedro Martins
Intérpretes
Andrew Schroeder
Major Platon Kuzmitch Kovaliov
Anna Carnovali
Praskovia Osipovna/Uma Parente/Uma Senhora Nobre
Ana Ester Neves
Uma Mãe/Filha de Pelageia Grigorievna Podtotchina
Carla Simões
Uma Parente da Velha Senhora
Carlos Guilherme
Nariz/Graduado
Dimitry Ovtchinnikov
6.º Criado/4.º Polícia/4.º Senhor/1.º Filho
Diogo Oliveira
Lacaio/1.º Criado/10.º Polícia/3.º Estudante
Fernando Cordeiro Opa
8.º Polícia/1.º Senhor
Frederico Félix António
Filho/1.º Dandy/2.º Conhecido
Gianluca Sorrentino
Iarïzhkin/Polícia
Guy Flechter
Chefe da Polícia/Eunuco
João de Oliveira
Um Guarda/8.º Criado/1.º Polícia/2.º Recém-chegado/6.º Senhor/1.º Conhecido
Jorge Martins
2.º Criado/Chefe de Estação
José Lourenço
9.º Polícia/1.º Estudante/3. Senhor
Lara Martins
Soprano solo/Vendedora/Mulher
Marcos Santos
7.º Polícia/7.º Estudante
Mário João Alves
Ivan, um criado/Velho
Marco Alves dos Santos
5.º Polícia/Tenor solo/2.º senhor/2.º e 6.º Estudante
Mário Redondo
Ivan Iakovlevitch/Pai/Vendedor/Lacaio
Paula Morna Dória
Velha Senhora/ Pelageia Grigorievna Podtotchina
Pedro Chaves
Um Polícia/Piotr Fiodorovitch/7.º Senhor/1.º Recém-chegado/5.º Estudante
Pedro Correia
Cocheiro/7.º Criado/ 3.º Conhecido/8.º Estudante/3.º Polícia
Rui Baeta
5.º Criado/2.º Filho/2.º Dandy/Voz Anónima/4.º Estudante
Vazgen Ghazarjan
4.º Criado/6.º Polícia/5.º Senhor
Vladimir Matorin
Empregado de anúncios/Médico/Ivan Ivanovitch
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
maestro titular Giovanni Andreoli
Nova Produção
Teatro Nacional de São Carlos
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Shostakovichiana, a collection of documents and photographs relating to Shostakovich.
Biography (1906-1975).
Discography.
Guardian.uk.
mvdaily.com.
nytimes.com.
ionarts.blogspot.com.
"As for the strictly technical devices from such musical 'systems' as, say, the twelve-tone or the aleatory ... everything is good in moderation ... The use of elements from these complex systems is entirely justified if it is dictated by the idea of the composition."
Shostakovich on the use of avant-garde techniques.
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Ópera em três actos e um epílogo de Dimitri Chostakovitch.
Libreto do compositor em colaboração com Alexandre Preis, Grigori Ionine, Evgueni Zamiatine, segundo o conto de Nicolai V. Gogol.
Criação : Leninegrado, Teatro Maly, 18 Janeiro 1930
O Nariz de Chostakovitch é uma magnífica obra de arquitectura satírica, fundamentada numa collage de estilos, que convoca a paródia, o absurdo, o apontamento circense, o episódio sério, a alegoria burlesca, num virtuoso contraponto de momentos solidamente díspares. O espírito de cabaret reveste a intrincada estrutura teatral, pontuada por características surrealistas, derisão essencial estimulada por uma dramaturgia baseada em astuciosos diálogos de personagens-marionetes, aqui detentoras de um poderoso discurso vocal, pleno de nuances que se evidenciam no espectro entre a linguagem falada e o canto.
Chostakovitch, atento ao discurso vanguardista austro-germânico e à dramaturgia de Vsevolod Meyerhold - que exercerá sobre o compositor uma ascendência muito significativa -, empreende em 1927 a adaptação de O Nariz de Gogol (sátira à «época do chicote» de Nicolau I), parte dos Contos de S. Petersburgo. A concepção do rebuscado libreto, iniciado por Zamiatina, ao qual se associarão os jovens Alexandre Preis e Georgi Ionin, irá integrar excertos de outras obras de Gogol, nomeadamente de Almas Mortas, Casamento e Diário de um louco, e ainda a Canção de Smerdiakov de Os Irmãos Karamazov de Dostoievski. Esta rara comédia lírica que requer uma exigente produção, reunindo, nomeadamente, mais de setenta personagens, será estreada em 1930, no Teatro Maly de Leninegrado, sendo recebida com alguma hostilidade, e tem vindo, desde então, a recolher êxitos tardios em teatros de todo o mundo.
O argumento conta-nos como Ivan Iakolevitch, descobre um dia, num pedaço de pão do seu pequeno-almoço, um nariz. Ivan procura desfazer-se rapidamente deste apêndice. Na mesma manhã, o major Kovaljov, ao acordar, apercebe-se que lhe falta o Nariz e apresenta queixa na polícia dirigindo-se posteriormente à redacção de um jornal para editar um anúncio. O Nariz surge então na catedral de Kazan sob um uniforme de conselheiro de estado reaparecendo a partir desse momento em diversos locais da região, desafiando a competência policial, que encontra muitas dificuldades no contexto deste difícil processo. No epílogo, Kovaljov, ao acordar, apercebe-se que o seu nariz está de novo no sítio regressando finalmente a sua existência à normalidade.
PGR - TNSC
sábado, 24 de junho de 2006
Almada 2006
... com as coincidências de ...
ESODO (Êxodo)
de Pippo Delbono
em co-apresentação com o Centro Cultural de Belém
Compagnia Pippo Delbono em co-produção com Emília Romagna Teatro
Encenação de Pippo Delbono Fondazione
Itália
21h00 Quinta 13
21h00 Sexta 14
_______
Rhinocéros (Rinoceronte)
de Eugène Ionesco
em co-apresentação com o Teatro Nacional D. Maria II
com o apoio da Association Française d’Action Artistique
La Comédie de Reims C. D. N.
co-produção Théâtre de la Ville (Paris)
encenação de Emmanuel Demarcy-Mota
França
21h30 Quinta 13
21h30 Sexta 14
_______
Giorni Felici (Os Dias Felizes)
de Samuel Beckett
com o apoio do Instituto Italiano de Cultura
Piccolo Teatro di Milano
encenação de Giorgio Strehler, reposta por
Carlo Battistoni
Itália
Novo Teatro Municipal de Almada
21h30 Quinta 13
21h00 Sexta 15
terça-feira, 20 de junho de 2006
Temporada Lírica T. N. São Carlos 2006/2007
Così Fan Tutte
Wolfgang Amadeus Mozart
Opera buffa em dois actos K. 588.
Libreto de Lorenzo Da Ponte.
Encenação de Mário Martone.
Direcção musical de Donato Renzetti.
(30 Novembro - 9 Dezembro)
Génesis Suite
Igor Stravinsky
Uma interpretação musical de vários capítulos do Livro do Génesis.
Narração da actriz francesa Fanny Ardant.
Oratória cénica na qual Arnold Schönberg, Darius Milhaud, Igor Stravinsky e Mario Castelnuovo-Tedesco verteram a sua visão do I Livro bíblico.
Oedipus Rex
Igor Stravinsky
Versão de concerto. Ópera-oratória em dois actos.
Direcção musical de Donato Renzetti.
(20-22 Dezembro)
Wozzeck
Alban Berg
(libreto e composição)
Ópera em três actos.
Uma das óperas da temporada 2004-2005 que fora cancelada.
Encenação e cenografia de Stéphane Braunschweig.
Direcção musical de Eliahu Inbal.
(17-21 Janeiro)
As Valquírias (Die Walküre)
Richard Wagner
Primeira jornada em três actos do festival cénico Der Ring des Nibelungen (O Anel dos Nibelungos).
Encenação de Graham Vick.
O encenador de "O Ouro do Reno" da temporada de 2005-2006.
Cenografia e figurinos de Timothy O'Brien.
Desenho de luzes de Peter Kaczorowski.
Direcção musical de Marko Letonja.
(24 Fevereiro - 19 Março)
Montezuma
Antonio Vivaldi
Ópera em três actos.
Estreia absoluta da versão encenada nos tempos modernos.
Libreto de Girolamo Giusti.
Encenação de Stefano Vizioli.
Direcção musical de Alan Curtis.
(4-11 Abril)
L'italiana in Algeri
Gioacchino Rossini
Dramma giocoso.
Libreto de Angelo Anelli.
Encenação de Toni Servillo.
Direcção musical de Donato Renzetti.
(2-10 Maio)
Macbeth
Giuseppe Verdi
Ópera em quatro actos.
Libreto de Francesco Maria Piave.
Encenação de István Gaál.
Direcção musical de Antonio Pirolli.
(31 Maio - 8 Junho)
Maria de Buenos Aires
Astor Piazzola
Ópera-tango surrealista.
Libreto de Horacio Ferrer
Intérprete titular a fadista Mísia e um festival de flamenco com três dos maiores intérpretes de Espanha.
Encenação de Desirée Meiser.
Direcção musical de Victor Villena.
(29 Junho - 4 Julho)
Wolfgang Amadeus Mozart
Opera buffa em dois actos K. 588.
Libreto de Lorenzo Da Ponte.
Encenação de Mário Martone.
Direcção musical de Donato Renzetti.
(30 Novembro - 9 Dezembro)
Génesis Suite
Igor Stravinsky
Uma interpretação musical de vários capítulos do Livro do Génesis.
Narração da actriz francesa Fanny Ardant.
Oratória cénica na qual Arnold Schönberg, Darius Milhaud, Igor Stravinsky e Mario Castelnuovo-Tedesco verteram a sua visão do I Livro bíblico.
Oedipus Rex
Igor Stravinsky
Versão de concerto. Ópera-oratória em dois actos.
Direcção musical de Donato Renzetti.
(20-22 Dezembro)
Wozzeck
Alban Berg
(libreto e composição)
Ópera em três actos.
Uma das óperas da temporada 2004-2005 que fora cancelada.
Encenação e cenografia de Stéphane Braunschweig.
Direcção musical de Eliahu Inbal.
(17-21 Janeiro)
As Valquírias (Die Walküre)
Richard Wagner
Primeira jornada em três actos do festival cénico Der Ring des Nibelungen (O Anel dos Nibelungos).
Encenação de Graham Vick.
O encenador de "O Ouro do Reno" da temporada de 2005-2006.
Cenografia e figurinos de Timothy O'Brien.
Desenho de luzes de Peter Kaczorowski.
Direcção musical de Marko Letonja.
(24 Fevereiro - 19 Março)
Montezuma
Antonio Vivaldi
Ópera em três actos.
Estreia absoluta da versão encenada nos tempos modernos.
Libreto de Girolamo Giusti.
Encenação de Stefano Vizioli.
Direcção musical de Alan Curtis.
(4-11 Abril)
L'italiana in Algeri
Gioacchino Rossini
Dramma giocoso.
Libreto de Angelo Anelli.
Encenação de Toni Servillo.
Direcção musical de Donato Renzetti.
(2-10 Maio)
Macbeth
Giuseppe Verdi
Ópera em quatro actos.
Libreto de Francesco Maria Piave.
Encenação de István Gaál.
Direcção musical de Antonio Pirolli.
(31 Maio - 8 Junho)
Maria de Buenos Aires
Astor Piazzola
Ópera-tango surrealista.
Libreto de Horacio Ferrer
Intérprete titular a fadista Mísia e um festival de flamenco com três dos maiores intérpretes de Espanha.
Encenação de Desirée Meiser.
Direcção musical de Victor Villena.
(29 Junho - 4 Julho)
sexta-feira, 16 de junho de 2006
O Ginjal
Cornucópia continua ciclo Tchekov com Christine Laurent.
Teatro do Bairro Alto, Lisboa, estreia dia 22 de Junho.
De 22 de Junho a 30 de Julho de 2006
Teatro do Bairro Alto, Lisboa
Tradução Nina Guerra e Filipe Guerra
Encenação, adaptação e guião de espectáculo Christine Laurent
Cenário e figurinos Cristina Reis
Desenho de luz Daniel Worm d’Assumpção
Som Vasco Pimentel
Interpretação Cleia Almeida, Dinarte Branco, Dinis Gomes, Luis Lima Barreto, Luis Miguel Cintra, Márcia Breia, Pedro Lacerda, Rita Durão, Rita Loureiro e Sofia Marques.
_______
O Teatro da Cornucópia, que há pouco representou A Gaivota, continua a sua abordagem da obra de Anton Tchekov com a apresentação de um novo espectáculo, a partir da última obra do mesmo autor: O Cerejal, peça para a qual a tradução adoptada de Nina Guerra e Filipe Guerra recupera o título mais próximo do original russo de O Ginjal.
Trata-se de um espectáculo de natureza e objectivos muito diferentes do trabalho anterior. Mais do que de uma apresentação da peça, trata-se aqui da apresentação de um trabalho sobre um texto de Tchekov, de uma tentativa de apropriação, por um grupo de actores, de um universo dramático e poético particularmente rico e complexo, motivador de múltiplos níveis de interpretação. Sem a pretensão de apresentar um trabalho acabado, a companhia apresentará ao público uma tentativa de leitura descarnada e sem defesas, como se quisesse transformar em espectáculo, expor perante o público, tanto como a peça, o seu próprio trabalho de ensaios, o seu convívio com cada frase, com cada personagem, com cada situação, com cada dificuldade, com a complexa estrutura de um texto construído com regras quase musicais.
O espectáculo foi dirigido por Christine Laurent, cineasta, argumentista e encenadora que regularmente tem sido chamada a colaborar com o Teatro da Cornucópia. Com a Companhia criou já quatro espectáculos: Diálogos em Roma de Francisco de Holanda, Barba Azul de Jean-Claude Biette, O Lírio de Molnár e D. João e Fausto de Grabbe. Para este trabalho sobre Tchekov, Christine Laurent adaptou a peça e criou um guião de espectáculo que insere também fragmentos da correspondência entre o autor e a sua mulher, a actriz do Teatro de Arte de Moscovo que, na encenação original de Konstantin Stanislavsky, interpretava o papel de Liubov Andreevna Ranevskaia, a dona do Ginjal.
O espectáculo deixa-se conduzir pela própria sequência dos actos da peça de Tchekov que tanto diz sobre as relações humanas e onde tão pouco é costume dizer que alguma coisa se passa. Quase não há intriga: uma fidalga, a proprietária arruinada de uma propriedade rural na Rússia pré-revolucionária do início do século XX, volta ao seu Ginjal que ameaça ser vendido para saldar dívidas. A dolorosa decisão de o vender e de abandonar a propriedade que durante gerações foi a casa da família, arrasta-se de adiamento em adiamento, até que um amigo próximo, filho de um mujique, servo da família, acaba por “salvar” a situação, comprando-a para ser dividida em lotes para construção de casas de campo, depois de derrubado o enorme pomar de ginjeiras. O Ginjal será destruído, todos se dispersarão, um mundo acaba, começa uma nova era. É a vida dos habitantes desta quinta durante os últimos meses antes do desmantelamento da herdade que nesta peça Tchekov toma para a construção do seu microcosmos: a proprietária viúva e o seu irmão, a sua filha e a sua filha adoptiva, a preceptora, as visitas da casa, os criados. E com a orquestração dos pedaços destas vidas nos devolve a vida inteira.
Sobre o projecto escreveu a encenadora: “Um trabalho sobre o espaço e o tempo. É como se, com os actores, partíssemos de uma página em branco ou do silêncio total, do esquecimento do sono, e depois, devagarinho, como se nos puséssemos a viver, ali, essa estranha e longa jornada fictícia, inventada por Tchekov, que se desenrola, a partir de uma aurora de primavera fria, através da descida do crepúsculo de um dia de verão, e de uma noite de baile trepidante, até a uma tarde gelada de outono.
A aposta deste trabalho, é ritmar a concordância destes quatro tempos em contraponto com a meteorologia afectiva e pessoal de cada uma das personagens. Algumas delas hão-de verificar, à sua custa, que “quem volta atrás no espaço, não volta atrás no tempo”(*)
(*) Vladimir Jankélévitch”
Teatro do Bairro Alto, Lisboa, estreia dia 22 de Junho.
De 22 de Junho a 30 de Julho de 2006
Teatro do Bairro Alto, Lisboa
Tradução Nina Guerra e Filipe Guerra
Encenação, adaptação e guião de espectáculo Christine Laurent
Cenário e figurinos Cristina Reis
Desenho de luz Daniel Worm d’Assumpção
Som Vasco Pimentel
Interpretação Cleia Almeida, Dinarte Branco, Dinis Gomes, Luis Lima Barreto, Luis Miguel Cintra, Márcia Breia, Pedro Lacerda, Rita Durão, Rita Loureiro e Sofia Marques.
_______
O Teatro da Cornucópia, que há pouco representou A Gaivota, continua a sua abordagem da obra de Anton Tchekov com a apresentação de um novo espectáculo, a partir da última obra do mesmo autor: O Cerejal, peça para a qual a tradução adoptada de Nina Guerra e Filipe Guerra recupera o título mais próximo do original russo de O Ginjal.
Trata-se de um espectáculo de natureza e objectivos muito diferentes do trabalho anterior. Mais do que de uma apresentação da peça, trata-se aqui da apresentação de um trabalho sobre um texto de Tchekov, de uma tentativa de apropriação, por um grupo de actores, de um universo dramático e poético particularmente rico e complexo, motivador de múltiplos níveis de interpretação. Sem a pretensão de apresentar um trabalho acabado, a companhia apresentará ao público uma tentativa de leitura descarnada e sem defesas, como se quisesse transformar em espectáculo, expor perante o público, tanto como a peça, o seu próprio trabalho de ensaios, o seu convívio com cada frase, com cada personagem, com cada situação, com cada dificuldade, com a complexa estrutura de um texto construído com regras quase musicais.
O espectáculo foi dirigido por Christine Laurent, cineasta, argumentista e encenadora que regularmente tem sido chamada a colaborar com o Teatro da Cornucópia. Com a Companhia criou já quatro espectáculos: Diálogos em Roma de Francisco de Holanda, Barba Azul de Jean-Claude Biette, O Lírio de Molnár e D. João e Fausto de Grabbe. Para este trabalho sobre Tchekov, Christine Laurent adaptou a peça e criou um guião de espectáculo que insere também fragmentos da correspondência entre o autor e a sua mulher, a actriz do Teatro de Arte de Moscovo que, na encenação original de Konstantin Stanislavsky, interpretava o papel de Liubov Andreevna Ranevskaia, a dona do Ginjal.
O espectáculo deixa-se conduzir pela própria sequência dos actos da peça de Tchekov que tanto diz sobre as relações humanas e onde tão pouco é costume dizer que alguma coisa se passa. Quase não há intriga: uma fidalga, a proprietária arruinada de uma propriedade rural na Rússia pré-revolucionária do início do século XX, volta ao seu Ginjal que ameaça ser vendido para saldar dívidas. A dolorosa decisão de o vender e de abandonar a propriedade que durante gerações foi a casa da família, arrasta-se de adiamento em adiamento, até que um amigo próximo, filho de um mujique, servo da família, acaba por “salvar” a situação, comprando-a para ser dividida em lotes para construção de casas de campo, depois de derrubado o enorme pomar de ginjeiras. O Ginjal será destruído, todos se dispersarão, um mundo acaba, começa uma nova era. É a vida dos habitantes desta quinta durante os últimos meses antes do desmantelamento da herdade que nesta peça Tchekov toma para a construção do seu microcosmos: a proprietária viúva e o seu irmão, a sua filha e a sua filha adoptiva, a preceptora, as visitas da casa, os criados. E com a orquestração dos pedaços destas vidas nos devolve a vida inteira.
Sobre o projecto escreveu a encenadora: “Um trabalho sobre o espaço e o tempo. É como se, com os actores, partíssemos de uma página em branco ou do silêncio total, do esquecimento do sono, e depois, devagarinho, como se nos puséssemos a viver, ali, essa estranha e longa jornada fictícia, inventada por Tchekov, que se desenrola, a partir de uma aurora de primavera fria, através da descida do crepúsculo de um dia de verão, e de uma noite de baile trepidante, até a uma tarde gelada de outono.
A aposta deste trabalho, é ritmar a concordância destes quatro tempos em contraponto com a meteorologia afectiva e pessoal de cada uma das personagens. Algumas delas hão-de verificar, à sua custa, que “quem volta atrás no espaço, não volta atrás no tempo”(*)
(*) Vladimir Jankélévitch”
quinta-feira, 15 de junho de 2006
Scapino Ballet Rotterdam
Sister Fury - Ed Wubbe
Apresenta três mulheres que querem libertar-se do seu isolamento.
The Green - Ed Wubbe
Uma comparação da magnitude de "Paixão Segundo S. João", de Bach, com a insignificância do homem.
Wilsonians - Ed Wubbe
Uma peça em ritmo acelerado com rápidas mudanças de cenário.
Fo(4)r - Georg Reischl
(para quatro bailarinos)
Âffi by Marco Goecke
(também uma peça rápida e expressiva)
e
Geeekspeak by Stephen Shropshire
(inspirada na dinâmica de grupo).
23 e 24 de Junho, Festival de Sintra
_______
SISTER FURY
Coreografia: Ed Wubbe
Música: J.S. Bach
Figurinos: Pamela Homoet
Iluminação: Benno Veen / Ed Wubbe
Cenário: Ed Wubbe and Amber Heij (AMMO)
Vídeo: Amber Heij (AMMO)
Estreia: 8 de Abril de 2004, Stadsschouwburg Amsterdam
Duração: 14m
ÄFFI
Coreografia: Marco Goecke
Música: Johnny Cash
Figurinos: Michaela Springer
Iluminação: Udo Haberland
Estreia: Junho de 2005, Musis Sacrum/Schouwburg Arnhem
Duração: 10m
THE GREEN
Coreografia: Ed Wubbe
Música: J.S. Bach (Abertura da Paixão Segundo S. João)
Figurinos: Pamela Homoet
Iluminação: Mark Truebridge
Cenografia: Ed Wubbe
Estreia: 15 de Fevereiro de 2006, Rotterdamse Schouwburg
Duração: 20m
GEEKSPEAK
Coreografia: Stephen Shropshire
Música: Pamela Z, Geekspeak
Figurinos: Stephen Shropshire
Iluminação: Stephen Shropshire / Aram Visser
Estreia: 11 de Junho de 2006, Rotterdamse Schouwburg
Duração: 10m
FO(4)R
Coreografia: Georg Reischl
Música: Michiel Jansen
Iluminação e Figurinos: Georg Reischl
Estreia: 15 de Fevereiro de 2006, Rotterdamse Schouwburg
Duração: 18m
WILSONIAN
Coreografia: Ed Wubbe
Música: Der BlutHarsch, Kenny Larkin
Figurinos: Pamela Homoet
Iluminação: Benno Veen
Estreia: 2 de Junho de 2005, Rotterdamse Schouwburg
Duração: 16m
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Ed Wubbe
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Ed Wubbe once named Rameau and Kathleen as his essential ballets, because of their extreme, dramatic nature. They thereby mark the musical and theatrical lines along which his work unfolds.
RAMEAU represents the dancing-to-music line, which he initiated in ballets set to Handel (Messiah) and Vivaldi (Nisi Dominus), both of which were sparkling choreographic works that accentuated the energy and dynamics of the music, and continued in Parts and Perfect Skin, set to Bach. However, something of the drama of Kathleen, which turned out to be the overture to a theatrical line, also lay dormant in Rameau. He combined his fascination for the cool, formal harpsichord music of the baroque composer Rameau with the last days of courtly music and thereby to the disenchantment of the French nobility waiting resignedly forthe guillotine. This explains why some of the dancers, slightly bored, watch the wilful duets and solos performed by dancers in leather jackets and sturdy boots.
In Rameau, Wubbe made a deep scratch in the gloss of the ballet aesthetics he had been given in his classical training and as a dancer and choreographer at the Nederlands Dans Theater and Introdans. Initially, he was still very much influenced by Kylian. White Streams, set to Arvo Part, was a successful example of a music ballet in which the continuous flow of movements in an organic dance idiom yielded a fine lyrical image. By contrast, his idiom became angular and sharp when he worked with the classical dancers of the Scapino Ballet and learned to make use of their dancing in ballet slippers, as in Nisi Dominus, Rameau, Parts and Perfect Skin.
KATHLEEN was a real turning-point, as an intense dance ritual set to pop music by Godflesh, with vivacious trios, aggressive group dances and a gripping male solo. This was a powerful work that displayed a pessimistic nihilism on which it made implicit comment. This contemporary West Side Story was also a statement by a choreographer who had been able to free himself entirely from the tradition that had characterised the Scapino youth ballet company since its founding in 1945. No subsequent ballet was as furious as Kathleen.
Even his LE SACRE DU PRINTEMPS was a refined combination of dance, music, light and set, for which he deliberately chose not Stravinsky's violent orchestral work but Maarten Bon's subtle adaptation for pianos.
His theatrical work was cerebral rather than compelling, and was impressionist in tone as a result of its light dance idiom and associative storyline. For example, he set ROMEO & JULIA to an amalgam of non-western music - love songs - and concentrated the story into twelve scenes. Writings by Shakespeare, Yourcenar, Da Vinci and Marinetti touched upon the original love tragedy. The love duet - the balcony scene - was a particularscorcher, afterwhich the vengeful Tybalt made sure the burning love charred into a pile of smouldering ash.
THE SCHLIEMANN PIECES focussed on the passion with which the amateur archaeologist Schliemann once sought Troy. Excerpts from his diary and from the Iliad were quoted. Apart from Schliemann, the Greek beauty Sophia was also identifiable as a character.
The leading character's feverish quest seemed to represent the equally single-minded way Wubbe sought a formula for making theatrical work that was not predictable. He was more successful atthis in NICO, about the life and music of the legendary singer. lts great asset was the music specially composed by John Cale, a member of The Velvet Underground at the time and a former lover of Nico's. Cale's music was alternated with songs by Nico on tape. One could follow the course of Nico's life in the danced scènes, without resort to anecdote: the Chelsea Girl in New York who created a furore with her organ and seasoned singing in the seventies, until her sojourn and death on Ibiza. This piece, where music, dance and drama were all of a piece, was made especially gripping by the performance of Beth Bartholomew.
ROSARY was a successful example of the new style of music ballet. It was a sparkling group work that playfully and organically translated the emotions from Schubert's String Quartet in C. With thanks to the dancers, who creamed off the articulated movements of the legs and fitful turns of the torso and in their stock-inged feet made them appear feather-light. An utterly lyrical ballet that nevertheless did not come across as overly fragrant and in which hè proved his mature ability as a creator of pure dance constructions and duets.
As a modern choreographer and leader of the leading Scapino company, now brought up to date, Wubbe wants to establish links with other disciplines and art institutions in Rotterdam. He has for example collaborated with Winy Maas of the MVRDV firm of architects. Using computer graphics, designers translated her stratified concept of'the stacked city' into a virtual stage set, a kaleidoscopic panorama of abstract images in which dancers performed like symbols of the human dimension. MANYFACTS, Life in the 30 City was about the interaction between anonymous and personal, abstraction and emotion. Wubbe wants to express this personal aspect in his dances.
His classically-based modern dance is nevertheless highly stylised, but this does not stop the dancers from making their own mark on it: in the past there were Charlotte Baines and Keith-Derrick Randolph, and now, together with Mischa van Leeuwen and Bonnie Doets there are another twenty-two high-quality expressive dancers.
Isabelle Lanz (2003)
Contemporary Dance in the Low Countries
segunda-feira, 5 de junho de 2006
I Prémio Internacional de Música
Don Juan de Borbón
María Joao Pires gana el I Premio Internacional de música don Juan de Borbón
Segovia, 5 jun (EFE).- La portuguesa María Joao Pires, considerada como uno de los máximos valores del piano contemporáneo, fue galardonada hoy en Segovia con el I Premio Internacional de Música don Juan de Borbón, dotado con 60.000 euros.
Un jurado, presidido por el compositor polaco de renombre internacional Krzysztof Penderecki, Premio Príncipe de Asturias de las Artes en 2001, consideró "los extraordinarios valores musicales de la ganadora en la interpretación pianística".
Asimismo, de acuerdo con Penderecki, los jurados han tenido en cuenta "su intensa, prolongada y generosa dedicación a la enseñanza de los jóvenes", especialmente plasmada en el "Centro para o estudio das artes", en Belgais (Portugal).
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