Páginas

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Local Geographic, Rui Horta

Centro Cultural de Belém, 11, 12, 14, 15, 16 de Maio de 2010


Uma obra sobre a importância de perder-se. De fazer da perda um método, sobretudo quando a experiência de vida tende a tornar-se um peso que nos leva a não arriscar. A perda, então, como um método.


Tinha-me habituado, a todas as semanas, pegar na minha bicicleta e descobrir um novo trilho e uma nova paisagem. Habitualmente, partia de manhã cedo e regressava antes do meu dia verdadeiramente começar. Era como que um prólogo para uma rotina anunciada. Às vezes perdia-me...


Há quem vá para a Namíbia ou para o Tibete para perder-se (e, com isso gaste imenso dinheiro...). E há quem se perca ao virar da esquina, quase à porta de casa. Para qualquer criador a dúvida, a perda e o risco são a própria matéria da construção da obra, com o qual convivem no dia-a-dia: a investigação, a experimentação.


De algum modo, das três obras que criei para o CCB, enquanto artista associado nesta temporada, esta é a mais narrativa e também a mais pessoal. Um discurso sobre a busca da identidade, nos antípodas do plausível, na fronteira da ironia. Só podia ser feita por mim e para mim mesmo ou para um intérprete com o qual tenho partilhado um sem número de aventuras criativas ao longo de dezoito anos, Anton Skrzypiciel. Actor/ bailarino/ intérprete multifacetado, um homem de tal modo curioso perante a vida que nunca conseguiu amarrar a âncora do seu barco em nenhum porto de abrigo, um protagonista essencial nos mais importantes trabalhos que realizei.


Esta é uma obra acompanhada dos meus cúmplices habituais, o compositor Tiago Cerqueira, o actor/ encenador Tiago Rodrigues e o designer de multimédia Guilherme Martins.
                                                                                                                   Rui Horta

Sem comentários: