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quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Dia Mundial da Música
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Mário Laginha, piano
Julian Argüelles, saxofone
Pedro Moreira, maestro
Pedro Moreira – Nocturnal
Mário Laginha – Até aos Ossos
Centro Cultural de Lisboa, dia 1 de Outubro de 2008
Nocturnal
A peça Nocturnal foi escrita em 1998 estando eu a viver em Nova Iorque. Trata-se de uma fantasia lírica em forma de balada de Jazz. Não é no entanto uma peça de Jazz. Usa um fio condutor melódico e harmónico que deriva de um esboço para um tema de jazz mas que se transformou numa peça com outro género de conotações, nomeadamente uma homenagem assumida, em relação à côr e forma, a dois nomes que me marcaram muito enquanto músico: Brahms e Debussy. O diálogo entre os solistas, assim como as pontuações que a orquestra lhes contrapõe, remete de certa forma para um universo de improviso.
Pedro Moreira
Até aos Ossos
Até aos Ossos foi estreada em 2005, como resultado de uma encomenda da Casa da Música. Trata-se de uma peça em sete andamentos (ou partes, como queiram) para saxofone e piano solistas mais orquestra. Ter a oportunidade de a escrever, naquela ocasião para uma formação como o Remix Ensemble e para um músico como Julian Arguelles – para mim um dos maiores saxofonistas que já alguma vez ouvi – foi uma experiência apaixonante. A ideia de utilizar elementos dos universos do jazz e do clássico sempre me foi muito atraente. E apesar de ser bastante difícil sair bem sucedido desta tarefa (o que eu sei não estar garantido à partida), o prazer da experimentação valeu seguramente o risco.
Como não quero ir mais longe na descrição do que compus, gostava de dizer o que penso, sumariamente, em relação ao acto de escrever música actualmente.
Em primeiro lugar, acho que a possibilidade de compor com traços de originalidade existirá sempre e nesse sentido o futuro não está comprometido, felizmente. O que pretendo dizer com isto é que, apesar de tudo o que já se fez em arte, o que existe à nossa frente não é menos do que existia à frente de quem criava há 200 anos. O que realmente muda é o passado. Temos hoje um muito maior legado de arte do que em 1800 e já estes o tinham em relação a quem viveu, por hipótese, no século anterior.
Temos agora o privilégio de ouvir em qualquer momento – basta desejá-lo – Bach, Mozart, Beethoven Brahms, Mahler, Bartók, Ravel, Prokofiev, Stravinski, Gershwin, Schönberg, Cage, Ligeti, Emanuel Nunes, entre muitos outros, mas também Miles Davis, John Coltrane, Keith Jarrett, Charlie Parker, ou Beatles, Gentle Giant, Prince, Bjork, ou ainda Amália, Carlos Paredes, Tom Jobim, Chico Buarque – a lista é infindável.
Ou seja, o futuro não se esvazia, mas o passado torna-se cada vez mais rico e vasto.
Sei que a música que escrevo está mais perto do jazz do que de qualquer outra área musical, mas também sei que todos os compositores e músicos que tenho ouvido com devoção – o meu passado – não podem deixar de me influenciar. Se o resultado final for uma música que quem me conhece pode identificar como minha, terei sido bem sucedido. Se isso não acontecer, falhei. Seja como for, expus-me. Até aos ossos.
Mário Laginha
Peça de Pedro Moreira breve e interessante.
Peça de Mário Laginha com boa ligação piano/saxofone/orquestra. Sem grandes inovações, consegue cativar o ouvinte. Muito bom.
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