Páginas

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Barbara Bonney e Angelika Kirchschlager


Barbara Bonney e Angelika Kirchschlager


Malcolm Martineau

Gulbenkian
8 de Dezembro de 2004

BARBARA BONNEY (soprano)
ANGELIKA KIRCHSCHLAGER (meio-soprano)
MALCOLM MARTINEAU (piano)

Felix Mendelssohn-Bartholdy
Seis Duetos, op.63

Robert Schumann
Três Duetos op.74

Camille Saint-Saëns
Ici, les tendres oiseaux

Ernest Chausson
La nuit, op.11 nº 1

Jules Massenet
Oh! Ne finis jamais

Gabriel Fauré
Puisqu’ici-bas toute âme, op.10 nº 1
Pleurs d’or, op.72
Tarentelle, op.10 nº 2

Gioacchino Rossini
Voga, o Tonio
Gia, la notte s’avvincina
Mira, la blanca luna

Anton Dvorák
Duetos Morávios, op.32

Excertos.


Quando duas excepcionais cantoras se juntam em palco, o resultado só pode ser um: duetos de grande qualidade interpretativa. É o que se espera do concerto que vai reunir em Lisboa a soprano norte-americana Barbara Bonney e a meio-soprano austríaca Angelika Kirchschlager. Outro motivo para não deixar de ir à Gulbenkian esta semana é a estreia em Portugal do Psappha Ensemble.

Este agrupamento de Manchester, que se apresenta nos dias 6 e 7 de Dezembro, tem-se afirmado no Reino Unido como líder na difusão da nova música e do teatro musical. Os programas que traz a Lisboa são marcados por múltiplas estreias, nacionais e absolutas (incluem, por exemplo, uma peça do compositor português Tomás Henriques encomendada pela fundação).

Quanto às solistas, que actuam dia 8 na companhia do brilhante pianista Malcolm Martineau, vêm recriar uma colaboração já registada numa excelente colectânea de canções de Félix e Fanny Mendelssohn, Schumann e Dvorák, que tem sido um sucesso de vendas.

Barbara Bonney é um das mais versáteis cantoras da sua geração, adaptando-se - e brilhando - tanto na canção, como na ópera e recital (é também uma boa violoncelista). Versatilidade é também uma qualidade de Angelika Kirchschlager, que se afirmou como uma das mais distintas vozes da década de 90, especialmente no repertório do Lied.

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Les Ballets Trockadero de Monte Carlo


Les Ballets Trockadero de Monte Carlo

Centro Cultural de Belém
De 23 a 28 de Novembro de 2004


A curiosa companhia de dança norte-americana, exclusivamente masculina, volta a Portugal para recriar em tom de paródia o ballet clássico. Conhecido familiarmente por "Les Trocks" o grupo traz na bagagem um novo programa.

No espectáculo não faltam os tutus, os collants e as sapatilhas de pontas, mas em tamanho grande. Estes homens transformados em robustas bailarinas apresentam em Lisboa as coreografias "Les Sylphides", "Cafe of Experience", "Ecole de Ballet" e um "pas de deux" ou "pas de trois" que anunciarão todas as noites. Já no Porto e na Figueira, além da surpresa que anunciam em cada espectáculo, dançam "O Lago dos Cisnes", "Pas de Quatre" e "Paquita".

sexta-feira, 2 de julho de 2004

Lhasa de Sela


Fórum Lisboa
7 de Julho de 2004

Lhasa de Sela, "a voz nómada", autora dos excelentes "La Llorona" e "Living Road" apresenta o seu mais recente espectáculo. 

biografia (inglês)

sexta-feira, 11 de junho de 2004

Nederlands Dans Theater II

Nederlands Dans Theater II

Programa
Centro Cultural Olga Cadaval
19 de Junho 2004

Sintra Festival, Portugal NDT II
27'52'' - Jiří Kylián
Dream Play - Johan Inger
Shutters Shut - Lightfoot León
Subject to change - Lightfoot León

Público.



Review: Nederlands Dans Theater II
by Janet Anderson

Anyone who saw Nederlands Dans Theater II at Annenberg last weekend is probably still reeling from the impact of that much talent slamming into the audience. Czech Jiri Kylián transformed the already well-established Nederlands Dans Theater into a three-pronged ballistic dance missile back in 1975. We saw NDT II, the young troupe, aged 17 to 22; some of them will go into NDT I, the main company -- and later, around age 40, a few may segue gracefully into NDT III. All are considered artistic equals; none could be any better than these fantastic kids.

Maestro Kylián's Indigo Rose introduced us to the dancers moving in a series of vignettes set to music that ranged from Johann Sebastian Bach to good ole country western. Nine dancers prowled, flirted and engaged in mock battles combining weird moves seamlessly. A triangle composed of thin, bright lines shared the stage, looking like laser sculpture, but when white cloth shimmered over it and created a prop, it was clear the illusion was very real indeed. Overhead a strip of video showed close-ups of the dancers mugging, laughing and posing. It was a complex and beguiling introduction to the troupe.

Englishman Paul Lightfoot's Sad Case heated things up with the appearance of five dancers wearing white outfits smeared with brown streaks, with faces and visible body parts painted white. There was nothing muddy or sad about the dancing. The dancers shivered, talked and shrugged as they whipped around to fast-paced Latin music. Artfully arranged spotlights seemed to light up in response to wolf whistles. It was wonderfully sappy and never less than terrific to watch.

Israeli choreographer Ohad Naharin's Minus 16 caused something close to dance bedlam. It began modestly enough during intermission with one dancer in a black suit and hat shuffling in front of the stage curtain, which eventually opened to show 11 other dancers, identically dressed (Orthodox Jews? Lounge lizards?) moseying around doing the same low-key boogie. Then, wham, a blasting techno rendition of Hava Nagila burst out and near-demonic folk dance erupted. We met the dancers in solos performed to their own voiceovers. Then they surged out into the auditorium, dragging hapless audience members onstage for a dance party. No one wanted to let these dancers stop. The famous Philadelphia walking ovation with the audience clapping as it disappears didn't happen. Note to Rummy: There are weapons of mass destruction in The Hague!

segunda-feira, 24 de maio de 2004

Orquestra de Filadélfia - Arnold Schönberg


Arnold Schönberg
site
biografia

»Verklärte Nacht« Sextett für 2 Violinen, 2 Violen und 2 Violoncelli op. 4
[String sextet "Transfigured night"]

Arnold Schönberg: Verklärte Nacht op. 4 (1899)
Introduction

Orquestra de Filadélfia


Orquestra de Filadélfia
Site oficial
História

Coliseu dos Recreios
27 de Maio de 2004

Christoph Eschenbach
maestro
Mensagem
Biografia

Programa
Arnold Schönberg
Verklärte Nacht

Gustav Mahler
Sinfonia Nº 1, em Ré Maior



Artigo Expresso para utilizadores registados, 2004.05.22. Excerto:
Não são muitas as orquestras que se podem orgulhar de terem estado nas mãos de personalidades como Leopold Stokowski, Eugene Ormandy, Riccardo Muti e Wolfgang Sawallisch. Mas a Orquestra de Filadélfia, do alto dos seus 104 anos de existência, pode. Liderada, desde Setembro de 2003, por Christoph Eschenbach (que acumula o cargo de maestro titular da Orquestra de Paris e da Sinfónica da NDR de Hamburgo), chega a realizar mais de 300 concertos por ano.

sábado, 24 de abril de 2004

Gustav Mahler - sinfonias Grandes Orquestras


Gustav Mahler
Biografia
site

Sinfonia Nº 9, em Ré Maior
(Orquestra Festival Budapeste, Gulbenkian 2004.04.27)

Sinfonia Nº 1, em Ré Maior
(Orquestra de Filadélfia, Gulbenkian 2004.05.27)

Sinfonia Nº 5, em Dó sustenido menor
(Orquestra Filarmónica da Radio-France, Gulbenkian 2005.01.18)
Sinfonia e gravações recomendadas.
Gravações.
Sinfonia.

Sinfonia Nº 6, em Lá menor, Trágica
(Orquestra do Royal Concertgebouw, Gulbenkian 2005.02.09)
Sinfonia.
Sinfonia e gravações.
Gravações.
Gravações.

sexta-feira, 23 de abril de 2004

Orq. Festival Budapeste - Franz Schubert


Franz Schubert


biografia,
biografia


Sinfonia Nº 4, em Dó menor, D.417, Trágica

That Franz Schubert, as a young man still learning his craft, was more influenced by the music of Haydn and Mozart than by the symphonies of Beethoven (just then reaching their stride) is readily apparent in his early orchestral works; the Symphony No. 4 in C minor, D. 417 (the "Tragic" Symphony, as Schubert called it), composed during the spring of 1816, is no exception. Despite the frequent comparisons made between this work and Beethoven's famous symphony in the same key, it is difficult to think of another symphonic work from the 1810s that more completely ignores Beethoven's special contributions to dramatic orchestral writing.


The "Tragic" Symphony is the work of a teenage schoolteacher whose debt to the Viennese masters of the previous century was perhaps greater than even he realized it to be; that this journeyman work is so gripping and effective in its own right is a testimonial to Schubert's extraordinary inventive gifts -- gifts that found a voice with or without the aid of structural and formal innovation. The slow introduction to the opening movement (Adagio molto-Allegro vivace) is quite Haydnesque, with its bare fortissimo octave beginning and its almost painfully slow, searching dialogue between the upper and lower voices. However, the slippery descending sequence that lands us, to both our surprise and delight, on a G flat major harmony before ten bars have gone by is all Schubert. The Allegro vivace body of the movement takes us past all the usual sonata-allegro landmarks, but again these are given expression in a voice that is entirely Schubert's: the main theme seems more propulsive and frantic than anything Haydn might have put his name to, and even Mozart could not have written a more spirited C major close.


The keys of the two central movements -- A flat major and E flat major -- make clear references to the keys in which the first movement's second theme appears (A flat in the exposition, E flat in the recapitulation). The opening melody of the lovely Andante, like so many of Schubert's gentler orchestral treasures, might easily have been conceived for string quartet; a passage of considerable fury interrupts twice, but each time it is absorbed back into a loving reprise of the opening tune. The scherzo is famous for its shifty, chromatic main idea.


The finale begins with a four-bar introduction that seems to dissolve before our very eyes (or ears). After initially serving as just a background to the restless main theme, the running eighth notes begin to shape themselves into the form that will support the second theme, which is at first crafted into a duet for the first violins and clarinet. The whole of the recapitulation is recast into C major, and at the very end the C octaves that began the first movement are brought back to affirm the happy ending.

quarta-feira, 14 de abril de 2004

Michael Nyman


Michael Nyman

Abril, Porto e Lisboa
Coliseus

String Quartet with Sarah Leonard
Michael Nyman together with Sarah Leonard (Soprano) and the Michael Nyman String Quartet

Site oficial: biografia
biografia

Michael Nyman & The Nyman String Quartet
Minimalista e sofisticado são palavras que ocorrem quando se fala de Michael Nyman. Outra pode ser "piano", o seu instrumento mas também o nome do filme cuja inesquecível partitura assinou. O compositor e pianista britânico vai estar no Porto a 14 de Abril (com direito a repetição no dia seguinte em Lisboa), acompanhado de um quarteto de cordas.

Londrino de nascença, Nyman teve como mestres Alan Bush e Thurston Dart. À complexidade da música clássica juntou uma forte paixão pela folk e pela incursão por outras áreas de trabalho. O seu nome aparece associado a sinfonias e orquestras, mas também à crítica de música, coreografias, desfiles de moda e até jogos de computador.

Como compor para outros objectos tem sido a marca de Nyman, não admira que o passo para o estrelato tenha sido dado através de bandas sonoras, que o tornaram um "must" na música da Sétima Arte. Além d'"O Piano", escreveu para filmes de Peter Greenaway e colaborou com vários outros realizadores.

Orquestra do Festival de Budapeste


Iván Fischer

Orquestra do Festival de Budapeste
Ciclo Grandes Orquestras Mundiais - F. C. Gulbenkian
Coliseu dos Recreios, 27 de Abril de 2004 - 21h00

Iván Fischer (maestro)

Franz Schubert
Sinfonia Nº 4, em Dó menor, D.417, Trágica

Gustav Mahler
Sinfonia Nº 9, em Ré Maior


Iván Fischer:
Site oficial
biografia
biografia/discografia
discografia


Orquestra do Festival de Budapeste
Site oficial
"The dreams of the composers and pass on an uplifting experience to the audience, touching all listeners deep in their heart. This is our aim for which the Budapest Festival Orchestra has been created." Iván Fischer

biografia


Orquestra do Festival de Budapeste

Formada em 1983 por Iván Fischer e Zoltán Kocsis, com músicos escolhidos entre os melhores jovens intérpretes da Hungria, o projecto da Orquestra do Festival de Budapeste teve como objectivo inicial, através de um intenso trabalho de ensaios e exigindo o mais alto nível artístico, fazer dos seus três ou quatro concertos anuais de então, acontecimentos significativos na vida musical húngara, oferecendo a Budapeste uma nova orquestra sinfónica de nível internacional.

Entre 1999 e 2000, estendendo a sua actividade a um temporada completa, a Orquestra era tutelada pelo município de Budapeste e pela nova Fundação Orquestra do Festival de Budapeste (OFB), integrada por quinze corporações e bancos húngaros e multinacionais. Desde a temporada 2000-2001 a orquestra é gerida pela Fundação OFB, com o apoio do governo da cidade, mediante um contrato renovável cada cinco anos.

É, na actualidade, não só parte vital da vida musical de Budapeste, com grande apoio do público, mas também convidada frequente dos mais importantes centros musicais do mundo, entre eles Salzburgo, Viena, Lucerna, Montreux, Zurique, Nova Iorque, Chicago, Los Angeles, San Francisco, Montreal, Tóquio, Hong-Kong, Paris, Berlim, Munique, Frankfurt, Londres, Florença, Roma, Amesterdão, Madrid, Atenas, Copenhaga, Praga e Bruxelas.

Depois de ter gravado para a Hungaroton, Quintana, Teldec, Decca, Ponty e Berlin Classics, assinou um contrato de exclusividade com a Philips Classics em 1996. A gravação de O Mandarim Maravilhoso de Bartók recebeu um prémio Gramophone e foi eleito ''Disco do Ano'' pelas revistas Diapason e Le Monde de la Musique. As gravações da Sinfonia Fausto de Liszt e do Concerto para Orquestra de Bartók, foram eleitas, pela Gramophone, entre os cinco melhores discos orquestrais.

Numerosos artistas de destaque colaboraram com a Orquestra do Festival de Budapeste, incluindo Sir Georg Solti - que foi Maestro Convidado Honorário -, Yehudi Menuhin, Kurt Sanderling, Eliahu Inbal, Charles Dutoit, Guidon Kremer, Sándor Végh, Andras Schiff, Heinz Holliger, Agnes Baltsa, Ida Haendel, Martha Argerich, Hildegard Behrens, Yuri Bashmet, Rudolf Barsahi, Kiri te Kanawa, Radu Lupu, Thomas Zehetmair, Richard Goode, entre outros.

Entre os projectos mais importantes, contam-se também as brilhantes produções de ópera: A Flauta Mágica (Budapeste), Così fan tutte (Atenas), Idomeneo (Budapeste e Atenas), Orfeo e Eurídice (Budapeste e Bruxelas), Un turco in Italia (Paris), assim como o ciclo celebrando o 50º aniversário da morte de Bartók (Budapeste, Bruxelas, Colónia, Paris e Nova Iorque), o ciclo de Sinfonias de Mahler, levado a cabo durante vários anos (Budapeste, Lisboa, Frankfurt e Viena), a série de concertos comemorando o centenário da morte de Brahms e o ciclo Bartók-Stravinsky (Edimburgo, Londres, São Francisco e Nova Iorque).

A Orquestra do Festival de Budapeste dedica especial atenção à interpretação de música contemporânea, dando numerosas estreias munFormada em 1983 por Iván Fischer e Zoltán Kocsis, com músicos escolhidos entre os melhores jovens intérpretes da Hungria, o projecto da Orquestra do Festival de Budapeste teve como objectivo inicial, através de um intenso trabalho de ensaios e exigindo o mais alto nível artístico, fazer dos seus três ou quatro concertos anuais de então, acontecimentos significativos na vida musical húngara, oferecendo a Budapeste uma nova orquestra sinfónica de nível internacional.

Entre 1999 e 2000, estendendo a sua actividade a um temporada completa, a Orquestra era tutelada pelo município de Budapeste e pela nova Fundação Orquestra do Festival de Budapeste (OFB), integrada por quinze corporações e bancos húngaros e multinacionais. Desde a temporada 2000-2001 a orquestra é gerida pela Fundação OFB, com o apoio do governo da cidade, mediante um contrato renovável cada cinco anos.

É, na actualidade, não só parte vital da vida musical de Budapeste, com grande apoio do público, mas também convidada frequente dos mais importantes centros musicais do mundo, entre eles Salzburgo, Viena, Lucerna, Montreux, Zurique, Nova Iorque, Chicago, Los Angeles, San Francisco, Montreal, Tóquio, Hong-Kong, Paris, Berlim, Munique, Frankfurt, Londres, Florença, Roma, Amesterdão, Madrid, Atenas, Copenhaga, Praga e Bruxelas.

Depois de ter gravado para a Hungaroton, Quintana, Teldec, Decca, Ponty e Berlin Classics, assinou um contrato de exclusividade com a Philips Classics em 1996. A gravação de O Mandarim Maravilhoso de Bartók recebeu um prémio Gramophone e foi eleito “Disco do Ano” pelas revistas Diapason e Le Monde de la Musique. As gravações da Sinfonia Fausto de Liszt e do Concerto para Orquestra de Bartók, foram eleitas, pela Gramophone, entre os cinco melhores discos orquestrais.

Numerosos artistas de destaque colaboraram com a Orquestra do Festival de Budapeste, incluindo Sir Georg Solti - que foi Maestro Convidado Honorário -, Yehudi Menuhin, Kurt Sanderling, Eliahu Inbal, Charles Dutoit, Guidon Kremer, Sándor Végh, Andras Schiff, Heinz Holliger, Agnes Baltsa, Ida Haendel, Martha Argerich, Hildegard Behrens, Yuri Bashmet, Rudolf Barsahi, Kiri te Kanawa, Radu Lupu, Thomas Zehetmair, Richard Goode, entre outros.

Entre os projectos mais importantes, contam-se também as brilhantes produções de ópera: A Flauta Mágica (Budapeste), Così fan tutte (Atenas), Idomeneo (Budapeste e Atenas), Orfeo e Eurídice (Budapeste e Bruxelas), Un turco in Italia (Paris), assim como o ciclo celebrando o 50º aniversário da morte de Bartók (Budapeste, Bruxelas, Colónia, Paris e Nova Iorque), o ciclo de Sinfonias de Mahler, levado a cabo durante vários anos (Budapeste, Lisboa, Frankfurt e Viena), a série de concertos comemorando o centenário da morte de Brahms e o ciclo Bartók-Stravinsky (Edimburgo, Londres, São Francisco e Nova Iorque).

A Orquestra do Festival de Budapeste dedica especial atenção à interpretação de música contemporânea, dando numerosas estreias mundiais na Hungria (Ustvolskais, Eötvös, Kurtág, Schönberg, Holliger, Tihanyi, Doráti, Copland e Adams) e encomendando regularmente novas obras a diversos compositores (Jeney, Sáry, Lendvay, Bajd, Mártha, Melis, Vidovsky).

Com a intenção de impulsionar o desenvolvimento artístico dos seus membros, organiza, para além dos grandes concertos orquestrais, séries regulares de música de câmara: os «Concertos Cacao», dedicados ao público infantil, aos domingos à tarde; as «Séries Haydn-Mozart», com a participação, como solistas, de membros da orquestra; e os «Ensaios Gerais Abertos», com introdução às obras que se interpretarão, a cargo de Iván Fischer. Estas sessões tiveram uma rápida aceitação entre os entusiastas da música em Budapeste.

diais na Hungria (Ustvolskais, Eötvös, Kurtág, Schönberg, Holliger, Tihanyi, Doráti, Copland e Adams) e encomendando regularmente novas obras a diversos compositores (Jeney, Sáry, Lendvay, Bajd, Mártha, Melis, Vidovsky).

Com a intenção de impulsionar o desenvolvimento artístico dos seus membros, organiza, para além dos grandes concertos orquestrais, séries regulares de música de câmara: os «Concertos Cacao», dedicados ao público infantil, aos domingos à tarde; as «Séries Haydn-Mozart», com a participação, como solistas, de membros da orquestra; e os «Ensaios Gerais Abertos», com introdução às obras que se interpretarão, a cargo de Iván Fischer. Estas sessões tiveram uma rápida aceitação entre os entusiastas da música em Budapeste.

10 Novembro 2003

Festa da Música - Chopin, Schumann, Liszt, Mendelssohn


Geração 1810

Abril 2004, Centro Cultural de Belém
Fréderic Chopin (1810-1849), Robert Schumann (1810-1847), Franz Liszt (1811-1886) e Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847)

Neither - Morton Feldman


Morton Feldman


Morton Feldman e Samuel Beckett: Neither


Morton Feldman Writes an 'Opera' (December 11, 1978), By Tom Johnson, from the December 11, 1978 Village Voice. A review of Neither. Excerto:

Many of us who have followed the highly abstract output of Morton Feldman over the years were surprised to learn that he had composed an opera, and it is perhaps still questionable whether he really has. 'Neither,' which was written for the Rome Opera two seasons ago and received its first New York performance in the Group for Contemporary Music series on November 21, might be better described as an hour long art song. Samuel Beckett's libretto consists of exactly 87 words, which are sung exclusively by a solo soprano. The only truly dramatic moment in the performance at Borden Auditorium at the Manhattan School of Music was the soprano's entrance. After a few minutes of introductory music by the large onstage orchestra, the singer slowly ascended on a platform behind the musicians, where she remained, score in hand, for the rest of the performance. Is it an opera, an art song, or just another remarkable Feldman work? However one might choose to categorize it, 'Neither' is a gorgeous piece of music, and quite possibly the richest, most rewarding work of the whole Feldman catalogue.


Projecto Feldman - Colóquio Internacional

Morton Feldman Page

Morton Feldman - Biografia e Discografia

Aulas e Comentários na Universidade de Buffalo, Nova Iorque

Morton Feldman - Art of the States


"Segurar o momento " - Artigo no Expresso, 2004.04.09, para utilizadores registados. Excerto:

Berlim, Schiller Theater, Setembro de 1976. Morton Feldman conhece Samuel Beckett. Quer convencer o escritor a colaborar numa obra encomendada pela Ópera de Roma. Sentam-se num café próximo, Beckett pede uma cerveja e diz: «Mr. Feldman, eu não gosto de ópera nem de ver as minhas frases inseridas na música». O compositor responde: «Percebo perfeitamente. Também é raro utilizar palavras, apesar de ter escrito peças vocais». Ao que Beckett interroga: «Então, o que é que você quer?» «Não faço a menor ideia», remata Feldman.


"A quadratura do caos" - Artigo no Expresso, 2004.05.01, para utilizadores registados. Excerto:

Beckett escreveu para Feldman um texto de 87 palavras, Neither. A linguagem é quase binária, nem isto nem aquilo, para lá e para cá, penetrável e impenetrável, com sombra interior e exterior, aberta e fechada, um ou outro. Música, letra, pintura, são tudo caligrafias. A realização musical no São Carlos, com a fabulosa Petra Hoffmann e uma Orquestra Sinfónica Portuguesa em grande forma, sob a direcção exigente de Emilio Pomàrico, constituiu um marco histórico para a cultura em Portugal. (Veio-me à mente a estreia do Wozzeck por Pedro de Freitas Branco, em 1959.) Ainda por cima, a direcção teve o cuidado de rodear o evento duma série de quatro mini-concertos e dum estimulante colóquio (na Culturgest) para «Falar de Feldman». Mas onde estavam todos os estudantes (e professores) dos nossos conservatórios?



Teatro Nacional de São Carlos

Abril 2004


Neither

Morton Feldman

1977. For chamber orchestra and soprano.

Estreia em Portugal


Direcção musical

Emilio Pomàrico


Instalação

David de Almeida


Desenho de luzes

Pasquale Mari


Orquestra Sinfónica Portuguesa


Nova Produção

Teatro Nacional de São Carlos


Numa estreia absoluta em Portugal, Neither, com música de Morton Feldman e texto de Samuel Beckett, sobe ao palco do São Carlos, sob a direcção de Emilio Pomàrico.


A relação entre Feldman e Beckett começou em 1976 quando se conheceram em Berlim no Teatro Schiller. A empatia inicial resultaria num almoço durante o qual o compositor pediu ao seu recente amigo um texto que atingisse de algum modo a essência, algo que conseguisse manter-se num plano etéreo. O trabalho de Beckett demoraria apenas algumas semanas até chegar às mãos de Feldman, que inicialmente considerou o texto peculiar, aproveitando com astúcia a ideia central, explorando-a de vários modos.
Na verdade, Neither, é resultado de uma co-elaboração entre duas mentes claramente dotadas de um sentido apuradíssimo e de extrema sensibilidade na forma como abordam a questão existencial centrada na compreensão do indivíduo e do Universo.


Tanto a música como o texto trabalham em conjunto com o objectivo de transmitir uma intensidade que resulta da tensão estética e emocional liberta, neste caso, de qualquer elemento que caracteriza a ópera, como o facto de não ter uma história ou enredo, e, consequentemente, não apresentar quaisquer momentos de confrontação dramática ou de «mise en scène». O recurso à questão existencial, por parte de Beckett, é apoiado de forma bastante coerente pelos elementos musicais que invocam vários ambientes e produtos da própria memória, como os fantasmas ou os ecos. Assim, a temática abordada situa-nos entre o que é conhecido e desconhecido, entre dois mundos sobre os quais apenas queremos saber qual é real.

quarta-feira, 24 de março de 2004

Ciclo de Piano Gulbenkian - Elisabeth Leonskaja


Elisabeth Leonskaja

30 de Março de 2004
Programa.

Johannes Brahms
Fantasias op.116

György Ligeti
In Memoriam Béla Bartók (Adagio)
Der Zauberlehrling (dos Estudos para Piano II)

Béla Bartók
Sonata para Piano, Sz.80

Franz Schubert
Sonata Nº 20, em Sol Maior, D.894, Fantasia



Elisabeth Leonskaja é considerada uma das maiores artistas do nosso tempo. Nasceu em Tiflis, a capital da Geórgia, tendo os seus pais despertado nela, desde tenra idade, o amor pelo piano. Com apenas onze anos, realizou os primeiros recitais em Tiflis, os quais despertaram grande expectativa e a levaram a prosseguir os estudos de piano com Jacob Milstein, no Conservatório de Moscovo, a partir de 1964. Ainda como aluna do Conservatório, ganhou vários prémios no âmbito de concursos internacionais, realizados em Bucareste, Paris e Bruxelas.

Antes de deixar a União Soviética, em 1978, com o objectivo de estabelecer residência permanente em Viena, Elisabeth Leonskaja realizou diversos concertos em duo com Sviatoslav Richter. Esta experiência teve um papel decisivo no posterior desenvolvimento da sua carreira artística.

Em 1979, a participação de Elisabeth Leonskaja no Festival de Salzburgo marcou o início da sua carreira no Ocidente. Desde então, apresentou-se regularmente em todos os grandes centros musicais internacionais, em recitais e em concertos com as mais importantes orquestras europeias e americanas, incluindo a Filarmónica de Berlim, a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig, a Filarmónica Checa, as Orquestras das Rádios de Hamburgo, Colónia e Munique, a Orquestra de Paris, a Filarmónica de Nova Iorque, a Filarmónica de Los Angeles e a Orquestra de Cleveland. É também frequentemente convidada a participar nos mais importantes festivais de verão, como os de Salzburgo, Viena e Lucerna.

Elisabeth Leonskaja é reconhecida como excepcional intérprete de música de câmara, sendo frequentemente solicitada por solistas e agrupamentos, dos quais se destacam Heinrich Schiff e Viktor Tretjakov e os Quartetos de Cordas Alban Berg, Borodin e Guaneri.

Um grande número de gravações para a Teldec, muitas delas distinguidas com prémios da crítica (Grand Prix du Disque, Prémio Caecilia e Diapason d’Or) são também testemunhos da elevada qualidade da intérprete.

sexta-feira, 19 de março de 2004

Sergei Vassilievich Rachmaninoff - O Cavaleiro Avarento


Sergei Vassilievich Rachmaninoff

The Miserly Knight (1903-5)
Duration: 60 minutes
Opera in three scenes

Libretto after Alexander Pushkin (R,E,G)

World Premiere
11-01-1906
Bolshoy Theatre, Moscow
Conductor: Sergei Rachmaninoff
Company: Bolshoy Opera

Scoring
2T,2Bar,B 3(III=picc).2.corA.2.bcl.2-4.3.3.1-timp.p
erc:cyms/BD/tgl/tam-t- harp-strings

Roles
THE BARON Baritone
ALBERT Tenor
THE DUKE Baritone
JEWISH MONEYLENDER Tenor
SERVANT Bass

Time and Place
England in Medieval times

Synopsis
A young knight Albert lives a life of jousting and courtly pleasure, which his father, an extremely rich but miserly baron, refuses to support. As a result Albert is now deeply in debt and unable to appear in high society, so he tries to borrow money once again. The money-lender refuses to provide a loan, but offers poison by means of which Albert can kill his father. Sending the money-lender away in horror at the idea, he decides to appeal to the duke who rules them all. Meanwhile the baron visits his cellars alone to celebrate the fact that he has now amassed enough gold to fill his sixth and last chest. Filled with greedy delight and terror, he lights candles before the chests and opens them to gloat on what they hold. In a powerful monologue, he fluctuates between ecstasy at the sight of all this twinkling gold and despair that he might soon die and then his son would be able to claim it all and spend it. In despair, Albert asks the duke to help. The duke conceals Albert in a nearby room and summons the baron to persuade him to support his son. Cross-questioned by the duke, the baron tries to protect his fortune and accuses his own son of wanting to steal from him. Outraged, Albert leaps from his hiding-place and accuses his own father of lying. The baron challenges his son to a duel, which Albert accepts, provoking the duke to expel him from his court. The strain is too much for the baron’s heart. He dies, calling not for his son, but for the keys to his beloved chests of gold.

Moods
Dramatic

Subjects
Ethics, Relationships, Literary


Expresso 27.03.2004 - Literatura na Ópera
Artigo para utilizadores registados.
...Nenhum dos textos foi escrito para ser representado - muito menos cantado. O Cavaleiro é uma das «Pequenas Tragédias» (1830) de Puchkin; a Tragédia é um fragmento duma peça de Wilde, perdida (ou roubada) quando este se encontrava preso. Talvez por isso as duas óperas sejam literalmente fiéis às tragédias que as inspiraram. Cada uma dura cerca de uma hora, mas são ambas horas suculentas, graças ao rico tratamento orquestral. (Como seria de esperar dum russo discípulo de Taneev e peregrino de Bayreuth, e dum austríaco a compor na esteira de Mahler e Strauss.) A reunião é oportuna, já que os dois são exactos contemporâneos: Rachmaninov (1873-1943) e Zemlinsky (1872-1942)...

Expresso 17.04.2004 - Contador de histórias
Artigo para utilizadores registados.
Paul Curran explica as suas opções no Teatro S. Carlos.



Vida e obra.

Teatro Nacional de São Carlos, Março/Abril de 2004

Ópera em um acto, op. 24, segundo a adaptação de um texto de Puchkin.

Intérpretes

Cavaleiro Avarento
Vladimir Vaneev

Albert
Vsevolod Grivnov

Direcção musical
Jonathan Webb

Encenação
Paul Curran

Cenografia e figurinos
Kevin Knight

Orquestra Sinfónica Portuguesa


A estreia em Portugal de O Cavaleiro Avarento e Eine florentinische Tragödie oferece ao ouvinte dois compositores que, apesar de diferenças evidentes, não aderiram às correntes da vanguarda do início do século XX, nem são nomes muito conhecidos nas temporadas dos teatros de ópera.

O Cavaleiro Avarento, composto por Rakhmaninov com libreto baseado na peça de Puchkin, tem uma trama bastante simples. Albert, filho do barão, devido ao seu despesismo, não concorda de modo algum com a falta de apoio monetário por parte do pai, recorrendo a um usurário judeu que o aconselha a envenenar o pai. No entanto, Albert resolve queixar-se à autoridade local e esta convoca o pai para ser ouvido, que, entretanto, morre de apoplexia. Mas na segunda cena, o barão aparece surpreendentemente no seu cofre a vangloriar a sua fortuna.

Alexander von Zemlinsky - Eine Florentinische Tragodie


Alexander von Zemlinsky

Análise muito completa:
radix.net
(synopsis, Zemlinsky, Wilde)

Excertos:
small talk...
Oscar Wilde began to draft A Florentine Tragedy in 1893. He worked on the play during a visit to Italy the following spring, but soon after his arrest in April 1895 the manuscript vanished from his study. A copy was found amongst his posthumous papers, but it lacked the love-scene for Guido and Bianca with which the drama was evidently intended to open. At the world première, on 12 January 1906 in Berlin, Max Reinhardt prefaced the play with a serenade sung by Guido, while the first London performance, on 10 June 1906, opened with a stustitute scene written by Thomas Sturge Moore. Behind the polished neo-Shakespearean surface of Wilde's blank verse the reader catches an occasional blimpse of the author's own precarious situation. The young prince, extravagant, hedonist, egocentric, is clearly a portrayal of Wilde's lover, Alfred Lord Douglas; a slur on Guido's family (not inlcuded in the opera - "you are the gracious pillar of his house; the flower of a garden full of weeds" - almost certainly refers to the Marquess of Queensberry, against whom Wilde instigated the libel proceedings which were to prove his downfall."

Europa, início do século...
"European painters, writers, and dramatists of the early twentieth century drew frequent inspiration from Renaissance Italy. The cultural splendor and violent intrigue of its city-states suggested a Freudian mirror-image of the modern bourgeois metropolis: fifteenth- and sixteenth-centuiry Florence or Venice offered the historical costume-setting beloved of popular theater, while permitting the treatment of art and psychology as much as of battles and the lessons of political power. The first World War period saw the permieres, in successive years, of four significant operas that mark the climax of popular interest in such material: Schillings' Mona Lisa (1915), Erich Wolfgang Korngold's Violanta (1916), Zemlinsky's Eine florentinische Tragödie (1917) and, most extravagant of all, Schreker's Die Gezeichneten (1918)."

Wilde e Zemlinsky...
"Oscar Wilde's A Florentine Tragedy no doubt attracted Zemlinsky for a number of reasons. First, there was the example of Salome, which he had first conducted on 23 December 1910. This may have suggested the one-act form and the idea of dispensing with the kind of post-Wagnerian libretto that had marred Der Traumgörge. The opera certainly owes something to the claustrophobic chiaroscuro of Elektra and Salome, though its more immediate models may have been Schreker's Die Gezeichneten, Korngold's Violanta and Schilling's Mona Lisa, one of the principal motifs of which is a precursor of Zemlinsky's "death" motif. Eine florentinische Tragödie also has a personal dimension, for the plot mirrors the tragic events surrounding Mathilde Schoenberg's love affair with the painter Richard Gerstl, who committed suicide in 1908 after she had been persuaded to return to her husband. Zemlinsky composed most of the work in the bohemian spa of Königswart in the summer of 1915, completing the orchestration in June 1916. The first perfomance was conducted by Max von Schillings, the parts being created by Rudolf Ritter (Guido), Felix Fleischer (Simone) and Helene Wildbrunn (Bianca)."



gmn.com (biografia)
iclassics.com (biografia e discografia)
karadar.com (vida e obra)
www.biblio-net.com (em Italiano)
www.artis-quartett.at (em Alemão)

Eine Florentinische Tragodie (A Florentine Tragedy)
Opera in one act. 1916.

Libretto by the composer, after the work of the same name by Oscar Wilde, translated by M. Meyerfeld.
First performance at the Hoftheater, Stuttgart, on 30th January 1917.

The Florentine merchant Simone is suspicious of the young Prince Guido, who he suspects has cuckolded him. He offers Guido all he has in his house, after selling him a formal robe, and Guido demands Simone's wife, Bianca. Her husband sets her spinning and when he has left the room she expresses her hatred of him, wishing him dead, sentiments that he overhears, returning to speak of death and adultery. Simone again leaves Guido and Bianca together and they express their love for each other. As Guido is about to leave, Simone gives him his sword and seizing his own, fights against the thief who has stolen from him, eventually overpowering and strangling Guido. Bianca, now understanding the strength of her husband, is reconciled to him.

Teacher and perhaps once the lover of Alma Mahler, teacher also of Schoenberg, his friend and later his brother-in-law, Zemlinsky was an important figure in the musical world of Vienna, particularly in the earlier years of the 20th century. Symphonic in structure, Eine florentinische Tragödie (A Florentine Tragedy) starts with an orchestral overture and makes use of Wagnerian leit-motif techniques.


Expresso 27.03.2004 - Literatura na Ópera
Artigo para utilizadores registados.
...Nenhum dos textos foi escrito para ser representado - muito menos cantado. O Cavaleiro é uma das «Pequenas Tragédias» (1830) de Puchkin; a Tragédia é um fragmento duma peça de Wilde, perdida (ou roubada) quando este se encontrava preso. Talvez por isso as duas óperas sejam literalmente fiéis às tragédias que as inspiraram. Cada uma dura cerca de uma hora, mas são ambas horas suculentas, graças ao rico tratamento orquestral. (Como seria de esperar dum russo discípulo de Taneev e peregrino de Bayreuth, e dum austríaco a compor na esteira de Mahler e Strauss.) A reunião é oportuna, já que os dois são exactos contemporâneos: Rachmaninov (1873-1943) e Zemlinsky (1872-1942)...

Expresso 17.04.2004 - Contador de histórias
Artigo para utilizadores registados.
Paul Curran explica as suas opções no Teatro S. Carlos.




Teatro Nacional de São Carlos, Março/Abril de 2004

Eine florentinische Tragödie
Alexander Zemlinsky
Ópera em um acto, com libreto do compositor, segundo A Florentine Tragedy de Oscar Wilde.

Intérpretes

Bianca
Fredrika Brillembourg

Guido
Jon Ketilsson

Simone
Johann-Verner Prein

Direcção musical
Jonathan Webb

Encenação
Paul Curran

Cenografia e figurinos
Kevin Knight

Orquestra Sinfónica Portuguesa

A estreia em Portugal de O Cavaleiro Avarento e Eine florentinische Tragödie oferece ao ouvinte dois compositores que, apesar de diferenças evidentes, não aderiram às correntes da vanguarda do início do século XX, nem são nomes muito conhecidos nas temporadas dos teatros de ópera.

Eine florentinische Tragödie, com música e libreto de Zemlinsky, é baseada na obra homónima de Oscar Wilde.
A acção começa com o príncipe de Florença em casa de Bianca. Quando Simone, mercador e marido de Bianca, entra no seu lar e se apercebe da estranha presença do Príncipe, toma-o como um cliente. Na verdade, Bianca nutre por Guido um amor forte e intenso, desprezando de certo modo os sentimentos de Simone por ela.
Após várias pistas e situações, Simone entende finalmente qual o motivo da presença do Príncipe e desafia-o para um duelo do qual sai vencedor, reconquistando assim a sua amada que reconhece a bravura do esposo.
A apresentação das duas óperas, de Rakhmaninov e Zemlinsky, representa acima de tudo uma oportunidade para ouvir, em estilos e linguagens diferentes, o fabuloso tratamento e unidade entre as partes instrumentais e vocais, traduzidas em momentos de inigualável beleza.

terça-feira, 16 de março de 2004

Ballet Gulbenkian - 3º Programa


F. C. Gulbenkian - Ballet Gulbenkian
Março de 2004, 21:00 - Grande Auditório

Paulo Ribeiro (direcção artística)

3º Programa

Paradise Practice
Coreografia: Stijn Celis

Monólogos do Oriente
Coreografia: Rui Horta

O céu pode esperar
Coreografia: Juan Carlos Garcia



Expresso 13.03.2004
Artigo para utilizadores registados.

Juan Carlos Garcia:
...«aos intérpretes das minhas peças falo-lhes sempre dos sentidos que o movimento possui e do prazer como ponto de partida para chegar ao mistério que envolve o momento de dançar. É pelo prazer que a realidade, sempre multiforme e sempre por desentranhar, se torna acessível e habitável. Se não fosse pelo prazer, a vida seria profundamente aborrecida. Ou talvez impossível de viver».

Rui Horta:
...«Mais do que falar do prazer, atrai-me observar os estados de ausência do prazer, como que uma longa ponte entre duas margens desejadas. Interessa-me igualmente perceber porque é que nos autolimitamos numa autêntica busca do prazer e nos ficamos pelos mecanismos de substituição, habitualmente os objectos de consumo.»...

Orq. Nac. Russa - Piotr Ilitch Tchaikovsky



Piotr Ilitch Tchaikovsky

Ciclo Grandes Orquestras Mundiais - Gulbenkian: 16 de Março de 2004, Coliseu dos Recreios.
Orquestra Nacional Russa e Coro Gulbenkian,
Mikhail Pletnev (maestro)

Sites:
deccaclassics.com (biografia e obra)
iclassics.com - Sinfonia no. 4 (discografia)
karadar.com (biografia e obra)
mpg.de - Sinfonia no. 4 (biografia e obra)
classical.net (obra)
d-vista.com (vida e obra)
geocities.com (vida e obra)
tchaikovsky.host.sk - Sinfonia no. 4 (vida e obra)
zetnet.co.uk - Sinfonia no. 4 (obra)
ipl.org - the late romantics (biografia)
classical-composers.org (obra)

The Fourth Symphony was begun in May 1877, two months before the composer´s disastrous and short-lived marriage. He and his wife parted after a few months, but at the same time another woman entered his life, though no romantic attachment was involved: the wealthy widow Nadezhda von Meck settled an annuity on him that freed him from financial worries. Their relationship was almost wholly carried on in letters, and yet it was close. It was she to whom the Symphony was dedicated and to whom the composer confided his programme. The first movement, after the "fate" motif, is in sonata form with a wistfully swaying first theme presented by the strings. Its somewhat waltzlike character is shared by the haunting second subject, introduced by the clarinet. But, as Tchaikovsky wrote, "pitiless destiny awakes us . . . we founder in its nothingness", and the tension implicit from the start mounts to a terrifying climax as the "fate" motif is thundered out once again. It is to be heard again even more threateningly before this beautiful yet disturbing movement ends, and indeed a note of despair is unmistakable.

The Andantino that follows is marked "Canzonetta" ("like a song") and brings a gentler mood. Here "memories come crowding back and it is sweet to recall one´s youth . . . it is at once melancholy and delicious to plunge into the past". A beautiful oboe melody is accompanied by plucked strings, and it returns after a contrasting and more lively middle section. Plucked (pizzicato) strings are the main feature of the brilliant Scherzo, which the composer called "visions after drinking wine . . . a drunken peasant, a street song, soldiers marching in the distance". The vivid Finale includes a Russian folk song melody called "A birch tree stood in a field" that begins with four repeated note. "If really you cannot find joy within yourself, look for it among others . . . look how happy they are", wrote the composer. "But Fate is still there and calls you to heel", he added: and sure enough, the dramatic call reappears menacingly, although it is not allowed to overwhelm the merrymaking.

segunda-feira, 15 de março de 2004

Orq. Nac. Russa - Sergei Taneyev



Sergei Ivanovich Taneyev

Ciclo Grandes Orquestras Mundiais - Gulbenkian: 16 de Março de 2004, Coliseu dos Recreios.
Orquestra Nacional Russa e Coro Gulbenkian,
Mikhail Pletnev (maestro)

Sites:
arkivmusic.com (discografia)
recmusic.org (lieder)
prestoclassical.co.uk (discografia)
crisismagazine.com (artigo de opinião)
iclassics.com (discografia)

Sergei Taneyev studied with Tchaikovsky and Rubinstein. As a teacher himself, his students included: Glière, Grechaninov, Medtner and Rachmaninov. He was almost pathologically lacking in self-confidence yet as a composer he was extremely meticulous in his working methods pre-planning his often highly contrapuntal works with great exactitude. His style of composition looked towards the west and indeed, John of Damascus shows influences of Bach through Beethoven and Berlioz to Brahms.

This short choral work, without soloists, is very approachable and fuses Russian folk and liturgical music with strict Bachian counterpoint. Refined four-part fugal writing introduces the first chorus ("I travel along a path that is unknown to me). Thrilling and dread fugal music for "On that day when the trumpet resounds through the dying world…" contrasts with a predominantly mood of relative calm.

sexta-feira, 5 de março de 2004

Orq. Nac. Russa - Sergei Rachmaninov



Sergei Vassilievich Rachmaninoff

Ciclo Grandes Orquestras Mundiais - Gulbenkian: 16 de Março de 2004, Coliseu dos Recreios.
Orquestra Nacional Russa e Coro Gulbenkian,
Mikhail Pletnev (maestro)

Sites:
mpd.de (biografia)
classical.net (obra)
arkivmusic.com - Russian Songs (discografia)
onino.co.uk (discografia)
gmn.com (biografia e obra)
karadar.com (biografia e obra)
deccaclassics.com (biografia e obra)
iclassics.com (biografia e obra)
vor.ru (dedicatória)

Rachmaninov began to study piano with his mother at the age of four.
He continued his studies at the St. Petersburg and Moscow conservatories under Zvereff and Arenski.

He is considered to be one of the greatest pianists of all times, but is also remembered for his compositions and as a conductor.

He fled from Russia, after the Communist Revolution in 1917, and he eventually based himself in the United States where he later became a citizen.

His highly successful, but exhausting career as a concert pianist enabled him to support his family but left little time for composition.

His music remains an indispensable part of Romantic repertory.

Orquestra Nacional Russa



Ciclo Grandes Orquestras Mundiais - F. C. Gulbenkian:
Orquestra Nacional Russa
Coro Gulbenkian
Mikhail Pletnev (maestro)
Coliseu dos Recreios, 16 de Março de 2004 - 21h00

[Sergei Rachmaninov
Três Cantos Populares Russos]

Novo programa
Piotr Ilitch Tchaikovsky
Bela Adormecida op.66 (excertos)

Sergei Taneyev
Cantata op.1, João Damasceno

Piotr Ilitch Tchaikovsky
Sinfonia Nº 4, em Fá menor, op.36



Mikhail Pletnev (maestro)
mikhailpletnev.net
deutschegrammophon.com
iclassics.com

The pianist, conductor, and composer Mikhail Pletnev is an “all-round" musician who defies categorization. He was born in Archangel, Russia, in 1957. His parents were both musicians, and Pletnev displayed exceptional musical talent from an early age. When he was 13, he began to study the piano at the Moscow Conservatory with the famous pianists and teachers Jacob Flier and Lev Vlasenko. In 1978, Pletnev won the Gold Medal at the Tchaikovsky International Piano Competition in Moscow. As a result he was able to make concert tours outside the former Soviet Union throughout Europe, Japan, the USA, and Israel. Over the years Pletnev has also appeared as soloist with Herbert Blomstedt and the San Francisco Symphony and Leipzig Gewandhaus orchestras, Lorin Maazel and the Bavarian Radio Symphony Orchestra, Kent Nagano and the Hallé Orchestra, Carlo Maria Giulini and the Chamber Orchestra of Europe, and others.

quarta-feira, 3 de março de 2004

Werther - São Carlos, Lisboa


-------
27 Fevereiro | 1, 3, 4, 10 Março 20:00h
7 Março 16:00h

Teatro Nacional de São Carlos

Werther
Jules Massenet
Ópera em quatro actos, com libreto de Edouard Blau, Paul Milliet e Georges Hartmann, segundo o romance Os Sofrimentos do Jovem Werther de Goethe.

Direcção musical
Alain Guingal

Encenação
Graham Vick

Cenografia e figurinos
Timothy O’Brien

Desenho de luzes
Robert A. Jones

Intérpretes

Werther
Giuseppe Sabbatini (dias 27 Fev; 1, 4, 7, 10 Mar.)
Leonardo Melani (dia 3 Mar.)

Charlotte
Monica Bacelli (dias 27 Fev; 1, 4, 7, 10 Mar.)
Liubov Sokolova (dia 3 Mar.)

Albert
Jorge Vaz de Carvalho

Le Bailli
Jérôme Varnier

Sophie
Hélène Le Corre

Johann
Luís Rodrigues

Schmidt
Carlos Guilherme

Brühlmann
Ciro Telmo

Käthchen
Ana Margarida Serôdio

Orquestra Sinfónica Portuguesa
Coro feminino do Teatro Nacional de São Carlos

Nova Produção
Teatro Nacional de São Carlos

-------
A ópera Werther foi composta após os grandes sucessos dos trabalhos de Massenet, Manon e Hérodiade, considerada pelos especialistas a partitura mais livre de convenções escrita pelo compositor.

O libreto, da autoria de Edouard Blau, Paul Milliet e Georges Hartmann é baseado na obra de Goethe do ano 1774 Die Leiden des Jungen Werthers, que constituiria uma das personagens adoptadas com bastante agrado pelo romantismo.

Trata-se de uma ópera cara ao público lisboeta que teve a oportunidade de a ouvir, pela última vez, pelas vozes de Alfredo Kraus e Ileana Cotrubas, em Maio de 1990.

A acção de Werther desenrola-se em Frankfurt. Foi numa Primavera, símbolo do amor e da natureza, que o jovem Werther conheceu Charlotte, resultando desse encontro uma paixão muito intensa. Apesar de tão nobres sentimentos os unirem, o seu amor era impossível, uma vez que Charlotte, no leito de morte da sua mãe, prometera casar com Albert.

A temática do suicídio consequente do amor impossível, juntamente com a escrita musical fortemente marcada pelo uso da técnica do leitmotiv traduz-se assim numa agradável combinação de factores que tornam este trabalho numa ópera de culto.

segunda-feira, 1 de março de 2004

Werther - Graham Vick


Ópera "Werther" de Massenet: São Carlos Fevereiro/Março de 2004.

Graham Vick, Encenação

Graham Vick: un regista capace di creare immagini
di Arrigo Quattrocchi

(...) Vick, invece, appartiene a quel novero di registi che riesce a innovare senza tradire. La sua formazione lo porta ad amare profondamente il teatro d’opera, a comprendere il bilanciamento delicatissimo delle sue componenti, scena, parola, musica. La sua capacità è proprio quella di interpretare un testo prescindendo dalla tradizione, rimanendo all’interno di esso, e cercando di metterne in luce tutti gli aspetti meno immediatamente tangibili. (...)

Classical Voice Review

Werther - Alain Guingal



Ópera "Werther" de Massenet: São Carlos Fevereiro/Março de 2004.

Alain Guingal, Direcção musical

-------
Alain Guingal
Conductor

General Director from 1975 to 1981of the Avignon Opera, where he conducted, among others, Der Fliegende Holländer, Thaïs, Simone Boccanegra and La traviata, Alain Guingal has worked regularly with the major Opera Houses in France. In the same time, his international career brought him to the most prestigious theatres within Europe: Bologna, Florence, Turin, Barcelona, Madrid, Vienna and Munich.

In 1988 he made his debut at the Opéra de Paris opening the operatic season with Rigoletto.

His repertoire includes Manon (Orchestre Philarmonique de Radio-France, 1992), Otello (Corégie d’Orange, 1993), Wether (Wiener Staatsoper, 1991; Théâtre Royal de Wallonie, 1993), Iphigénie en Aulide (Wiener Staatsoper, 1991), L’italiana in Algeri (at the Spring Festival in Bayreuth with Bayerische Staatsoper), La traviata (Welsh National Opera in Cardiff).

Since his first invitation in Spain in 1982, Alain Guingal is a regular guest at Madrid Opera, Teatro de Liceu in Barcelona, Bilbao and Santa Cruz.

In Italy he was invited to conduct at the Teatro Regio di Torino (Esclarmonde, 1992; La forza del destino, 1994; Samson et Dalila, 1997), at Teatro Comunale di Firenze (Don Quichotte, 1993; La Voix Humaine with Renata Scotto), at the Teatro dell’Opera di Roma (Don Quichotte, 1997), at the Teatro Verdi di Trieste (Manon, 1998), at the Teatro di San Carlo di Napoli (Roberto Devereux, 1998), at the Teatro Sociale di Como (La colombe, 1998), at the Macerata Opera Festival (Carmen, 1994 and 1998) and in Bologna, Genoa, Parma, Cagliari and Sassari.

In 1998/9 season he returned to the Teatro dell’Opera di Roma for Roméo et Juliette, to the Teatro Verdi di Trieste for Les dialogues des Carmélites and Barbe-Bleu, to the Opéra d’Avignon for I puritani, to the Teatro di San Carlo in Naples for a new production of La traviata.

1999/2000 season brought him on the podium of the Teatro Massimo di Palermo for Faust, of the Japan Opera Foundation for La traviata, to Parma for Roméo et Juliette. More recently, Alain Guingal appeared at the New National Theatre in Tokyo in Don Quichotte and Werther, at the Teatro Verdi di Trieste for La belle Hélène and I Puritani, and at the Teatro Real in Madrid as the conductor of a new production of Faust. He made his prestigious debuts at the Washington Opera with Don Quichotte, a work he also conducted in Nice, at the Opéra Royal de Wallonie de Liège in Ernani, Il trovatore and Don Quichotte, and at the Opéra de Toulon in Werther. Alain Guingal has just led his first La straniera at the Teatro Massimo Bellini di Catania and has returned to Parma for a new successful production of L’elisir d’amore, and to Macerata for Lucia di Lammermoor. In Bilbao, he just led a new production of Carmen.

Highlights of Alain Guingal’s future engagements include Turandot and Un ballo in maschera in Avignon, Simon Boccanegra and La forza del destino at the Théâtre Royal de Wallonie in Liège, Massenet’s Manon at the Deutsche Oper in Berlin, Werther in Lisbon, Turin and Las Palmas.

Werther - Monica Bacelli



Charlotte na Ópera "Werther" de Massenet: São Carlos Fevereiro/Março 2004.

Monica Bacelli (mezzo soprano)

-------
Studied voice at the Pescala Academy of Music in Italy. In 1986, after having won the grand prize at the A. Belli Competition in Spoleto, Bacelli debuted as Cherubino in Mozart's "Le Nozze di Figaro" and as Dorabella in "Cosi Fan Tutte."

Thereafter, she has sung at major opera houses, including La Scala in Milan, the National Opera House in Vienna, and at the Covent Garden Royal Opera House in London, under such illustrious conductors as Riccardo Muti, Valeri Gergiev, and Nicholas Harnoncourt.

Bacelli is now regarded as one of the best mezzo-soprano singers of Mozart in the world. Beyond that, however, she has sung works by many other composers, such as the world debut performance of a Luciano Berio piece, and performances of some of Monterverdi's madrigal works accompanied on the piano by Maurizio Pollini.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

Werther - Johann Wolfgang Goethe


Ópera "Werther" de Massenet: São Carlos Fevereiro/Março de 2004.

Ópera inspirada na obra de Goethe: "Die Leiden des jungen Werthers" ("Os sofrimentos do jovem Werther").


Sobre Johann Wolfgang Goethe...

Francoforte-sobre-o-Meno, 1749 Weimar, 1832

Escritor alemão, é a maior figura da literatura alemã e uma das principais da literatura universal. Além disso é, de todos os poetas alemães, o que resume a sua época com mais exactidão e clareza. Nasce no ambiente culto da burguesia protestante de Francoforte. Estuda Direito e cultiva o seu gosto pelas ciências e as artes. Herder inculca-lhe a ideia de que a poesia é um dom universal e popular e não só património de alguns homens cultos. Dá-lhe também a conhecer as obras de Homero, Shakespeare e Ossian. A influência de Shakespeare inspira-lhe o drama Götz von Berlichingen, em que se manifesta o espírito de liberdade que naquele tempo reina na Alemanha. A partir desta obra, Goethe retira os argumentos do fundo do seu espírito. A Paixão do Jovem Werther, romance epistolar, conta um amor sem saída que acaba em suicídio. A sua influência na Alemanha, e em toda a Europa, é enorme. Outro drama seu, Egmont, é um canto à liberdade.

Aos vinte e seis anos inicia a sua carreira política. Em Weimar, modesta capital do ducado, Goethe dedica-se a uma vasta actividade de organizador e reformador. Converte a cidade num centro cultural de primeira ordem; nela estabelecem-se Herder, Wieland e Schiller. Neste decénio (1775-86), Goethe interessa-se também pelas ciências, particularmente pela mineralogia, a botânica e a óptica.

Em 1786 inicia uma viagem a Itália, a partir da qual é atraído pelo classicismo tomado das suas fontes originais e não da tradição francesa. A expressão mais pura do seu entusiasmo pela Antiguidade é o drama Ifigénia em Táurida. Desta época são a sua Viagem a Itália e as Elegias Romanas. No seu regresso de Itália torna-se íntimo do poeta Schiller, que goza de grande fama. Colabora com ele no Almanaque das Musas.
Goethe passa a maior parte da sua vida na corte de Weimar como conselheiro do duque Carlos da Saxónia. As obras dos seus últimos anos, em que se fundem a serenidade clássica e a paixão romântica, são Os Anos de Aprendizagem de Wilhelm Meister (uma espécie de confissões romanceadas, em que se inclui o relato autónomo de As Afinidades Electivas), Hermann und Dorothea (poema de ambientação contemporânea) e, sobretudo, o Fausto. Nesta obra, que ocupa toda a sua vida, Goethe recolhe a lenda medieval do doutor Fausto, que faz um pacto com o diabo para ultrapassar os limites do saber, recuperar a juventude e conseguir o amor de Margarida. Com este argumento, que não parece grande coisa, Goethe escreve um poema de densidade e transcendência filosófica extraordinárias.

O estilo literário de Goethe não pode definir-se em poucas linhas. Passa, sucessivamente, pelo Sturm und Drang, pelo classicismo helénico e pela procura do supra-sensível. Pode dizer-se que é, alternadamente, um clássico e um romântico.


Um pensamento de Goethe...

O que sabemos, sabemo-lo afinal apenas para nós mesmos. Se falo com alguém daquilo que julgo saber, acontece que imediatamente ele supõe saber o assunto melhor que eu, e sou obrigado a regressar a mim mesmo com o meu saber. O que sei bem, sei-o apenas para mim. Uma palavra pronunciada por outro raramente constitui um estímulo. Na maior parte das vezes suscita contradição, paralisia ou indiferença. Instruamo-nos primeiro a nós próprios e seremos depois capazes de receber instruções dos outros. Em boa verdade aprendemos sempre em livros que não somos capazes de avaliar. O autor de um livro que fôssemos capazes de avaliar teria que aprender connosco. Muitos há que têm orgulho no que sabem. Face ao que não sabem costumam ser arrogantes. No fundo só se sabe quando se sabe pouco. À medida que cresce o saber, cresce igualmente a dúvida.

Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões"


Sobre a História "Os sofrimentos do jovem Werther” de Johan Wolfgang von Goethe...

Ao escrever Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe produziu uma obra de arte a que deu, como conteúdo, as suas próprias aflições e seus tormentos, os seus próprios estados de alma, procedendo como todo poeta lírico que, ao procurar aliviar o coração, exprime aquilo de que é afectado enquanto sujeito. Graças a isso, o que era interior imobilidade acha-se livre e transforma-se num objecto exterior de que a pessoa se libertou. Do mesmo modo as lágrimas servem de derivativo à dor do que, por assim dizer, se esvai através delas. Como ele mesmo o disse, Goethe escreveu o Werther para se libertar da angústia íntima, e conseguiu-o.

Em tais situações líricas, pode reflectir-se, por um lado, um estado objectivo, uma actividade referenciada ao mundo exterior, e, por outro lado, um estado da alma que, desligando-se de tudo o que é exterior, regressa a si mesma e torna-se o ponto de partida de estados internos e de sentimentos profundos.

Era 4 de Maio de 1771. O jovem Werther começa a escrever suas cartas ao amigo Wilhelm, relatando sua chegada a um vilarejo alemão. Gostara do ambiente e do ar que se respirava; sentia-se cómodo e atraído pelas impressões sublimes daquela natureza campestre, cuja beleza era comparável somente à transparência de conduta observada naquela gente humilde. Talentoso pintor e escritor de origem aristocrática, Werther sentiu "que uma alegria contagiante apoderou-se de minha alma, semelhante às doces manhãs de primavera, que desfruto com todo o coração".

Sua amabilidade levou-o a conhecer Lotte, filha de um magistrado provincial, por quem se apaixonaria perdidamente. Werther ama Lotte como quem precisa respirar para viver. Deseja estar permanentemente ao lado dela como quem se entrega ao que existe de mais importante no universo: o amor. Mas é um amor impossível, Lotte irá casar-se com outro, e as circunstâncias morais da sociedade são obstáculo aos planos de Werther.

O tema do livro é a paixão, mas não a paixão disciplinada, comportada, condizente com os padrões e regras vigentes àquela época. É uma paixão sofrida até a aniquilação das forças vitais, na qual as barreiras da moral vêm totalmente abaixo, levada pela impulsividade livre. A obsessão por essa paixão e a impossibilidade de alcança-la farão com que Werther se torne um homem indisposto com a vida, alheio à realidade.

Toda a história é narrada pelo próprio Werther, em forma de cartas que Goethe afirma ter encontrado, publicando-as para honrar a vida do jovem Werther. É um estilo, aliás, já utilizado anteriormente por Jean-Jacques Rousseau em sua obra A Nova Heloísa, e cujo principal atractivo era a possibilidade de fazer o leitor questionar-se sobre a real existência dos personagens.

A obra é uma verdadeira expressão de sua época, pela força poética de sua linguagem e por captar a necessidade de transcendência que agitava então os espíritos juvenis, razão pela qual ela passou a servir de referência comportamental para quase toda a juventude europeia. A roupa de Werther — casaca azul, colete e calções amarelos — tornou-se praticamente moda entre os jovens. O próprio Napoleão confessou a Goethe em 1808 que havia lido o livro sete vezes. Ele foi, sem dúvida, o maior acontecimento literário do século XVIII, vindo a se tornar o primeiro bestseller da literatura europeia e o maior sucesso do autor.

O sucesso do livro trouxe consigo uma série de problemas, pois, tomando-o como referência, muitos jovens leitores lançaram-se em suas paixões, tomados por um sentimento de liberdade. Assim, é preciso um exame mais cuidadoso a fim de compreender as motivações do autor ao escrever tal obra, procurando tirar em nosso proveito aquilo que nos convenha como aprendizado.

Os Sofrimentos do Jovem Werther é uma espécie de confissão íntima realmente única, que faz o leitor penetrar no universo da sensibilidade romântica. É o início de um movimento que se dispersará por toda a Europa, chamando a atenção do homem para a sua natureza sentimental, em uma época em que a racionalidade, que permeava os meios intelectuais, não conseguia atingir o coração dos homens. O romantismo propunha que o saber não apresenta perigo desde que não se eleve simplesmente acima da vida e se afaste dela, mas queira servir à própria ordem da vida. Daí a necessidade do homem, antes de perguntar pelas leis do mundo, pelos objectos exteriores, e investiga-los, precisar responder a perguntas como: "o que somos?" e encontrar a lei primeiramente em si mesmo, através da reflexão e do autoconhecimento.

Naquela sociedade dominada pelas aparências, onde as atitudes exteriores assumiam um papel fundamental nas relações sociais, Werther chamara a atenção para o fato de todos colocarem a nossa essência em títulos de nobreza, em trajes bem quistos, no distanciamento entre os homens e a natureza. É neste sentido que, para Werther, o sentimento, a afectividade, a intuição e o irracionalismo contrapõem-se à ordem estabelecida, seja no plano social, seja no plano literário.

A paixão exagerada de Werther, levando-o a ruína de si mesmo, chama-nos a uma reflexão sobre nós mesmos, sobre nossas atitudes perante as pessoas a quem amamos e a importância que o amor possui em nossa existência. O amor absoluto é desejo de toda a humanidade, mas como alcança-lo? Como conciliar o desejo de liberdade e a fusão com o amor divino? Ao final, impõe-se a necessidade de descobrirmos qual a nossa verdadeira natureza, para que fim fomos criados, e o desejo de continuar sendo e de considerar o amor a única forma de plenitude possível.


E uma reflexão de um leitor (anónimo) ?

“Ah, but which act requires or proves the greater bravery: to terminate the heart's torment by the simple act of Suicide, or to accept Life's harshness by continuing a lonely, meaningless existence? Which Hell is it better or nobler to endure: that of rejecting God's gift or that of eternal separation from the Beloved?”